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Politica Brasil
Quarta - 07 de Março de 2007 às 10:33
Por: Onofre Ribeiro

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O nascimento do Partido da República em Mato Grosso é bem enigmático. Leva na cabeça o governador Blairo Maggi que detém uma fortíssima posição política junto à opinião pública do estado. Na verdade, o governador acabou convergindo para si a maior fatia da força política estadual. Mas o seu partido anterior, o PPS não correspondia em consistência e nem peso político à força do governador.

Ele ensaiou outras saídas anteriores e acabou convencido pelo presidente Lula a participar da fundação de um partido novo, diferente do PT, do PFL e do PMDB, principalmente, que são parte de sua base aliada, mas não conferem confiança. Ora pelo fisiologismo, ora pelo oportunismo e ora pelos caciquismos históricos. Partido assim nunca é um aliado confiável para grandes projetos políticos, porque a cada passo da viagem querem negociar e renegociar apoio e posições.

O fato de Maggi liderar o PR em Mato Grosso tem leituras claras que nem precisam de muita análise. Mas vale apontar:

1 – o governador considera que Mato Grosso vive um novo projeto político que precisa caminhar para a frente e não para trás, se o governo cair em mãos indesejáveis. Leia-se entregá-lo para o PFL, o PT, ou para o PMDB, por exemplo. O ensaio da candidatura Jaime Campos ao governo acendeu a luz amarela;

2- o presidente da República incentivou o governador baseado no fato de que é preciso construir partidos novos diferentes dos que existem e se exauriram como conteúdo e como representação dos segmentos da sociedade. Lula sabe que não pode mais tentar uma terceira reeleição, mas quer participar da própria sucessão como interlocutor privilegiado. Como o seu partido, o PT, tornou-se um balaio de gato, ele namora outras possibilidades como cartas alternativas na manga;

3- o mesmo se dá com Blairo Maggi que filiou-se falando em candidatura própria do partido à presidência da República. É um recado claro, que casado com a informação de que foi sugestão do presidente Lula a sua filiação ao PR, dá a dimensão de um projeto político nacional no qual ele possa ser interlocutor privilegiado, trazendo o saldo de apoio para obras significativas no estado;

4- por fim, certamente o governador quer ser interlocutor privilegiado na sua própria sucessão. Logo, o PR nasceu com o signo de oxigenar o mundo partidário tão empobrecido na política mato-grossense.

Dito isto, é de se esperar que daqui por diante um PR que já nasce com cerca de 40 deputados federais (são 37 hoje e deve chegar a 44 na próxima semana), seis senadores e receberá nos próximos dias o governador de Rondônia, Ivo Cassol, que assim como Maggi sai do PPS para aderir ao partido. No estado o quadro de filiações do PR deverá crescer com seduções e cooptações de outros partidos para tornar-se forte o bastante e desconstruir adversários históricos. O fato foi muito além do que pareceu aos desavisados.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM onofreribeiro@terra.com.br





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