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Politica Brasil
Quarta - 07 de Março de 2007 às 07:24
Por: Catarine Piccioni

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Em mais uma tarde prestando depoimento à Polícia Federal de Mato Grosso, Luiz Antonio Trevisan Vedoin, apontado como um dos chefes da máfia das ambulâncias, disse nesta terça-feira que não houve direcionamento do resultado de licitação (investigada) para a compra de unidades móveis de saúde em Sorriso. Mas confirmou que em dois municípios, além das fraudes na licitação, os prefeitos receberam propina.

Vedoin prestou depoimento em 11 inquéritos hoje. As prefeituras são mantidas sob sigilo. Segundo o delegado Diógenes Curado Filho, o caso de Sorriso é semelhante ao de Comodoro e Alto Araguaia, onde as licitações sob suspeição ocorreram por meio de “tomada de preço” e não “carta-convite”, modalidade na qual as empresas da família Vedoin eram favorecidas. Dos 13 inquéritos em que depôs ontem, Vedoin não mencionou corrupção dos prefeitos.

A PF deve ouvir Vedoin nesta semana em 72 inquéritos que apuram o envolvimento de prefeitos, ex-prefeitos, servidores e ex-servidores de poderes executivos municipais de Mato Grosso com o esquema. O grupo inclui funcionários das comissões de licitação que trabalhavam em municípios onde ocorreram as fraudes.

Na próxima semana, os policiais devem ir aos municípios investigados para ouvir as pessoas, cujos indiciamentos foram solicitados pelo Ministério Público Federal. O prazo para conclusão dos inquéritos, instaurados em 2004 e 2005, é de 90 dias.

No ano passado, Vedoin já confirmou que os prefeitos atuavam no direcionamento do resultado de licitações. Em depoimento no mês de novembro, Vedoin disse que "não tinha tanto controle em nível municipal mas incumbia terceiros para atuarem junto às prefeituras". Ele chegou a minimizar a participação dos prefeitos e ex-prefeitos dizendo que a maioria deles não teria recebido propina. A estimativa é que mais de R$ 100 milhões foram desviados dos cofres públicos.

Investigações – Uma força-tarefa da PF, em Brasília (DF), conduz outros 31 inquéritos que apuram o envolvimento das prefeituras no esquema, das quais 14 são de Mato Grosso. Ontem, a polícia requisitou informações à prefeitura de Cuiabá sobre um convênio firmado na gestão do ex-prefeito e agora deputado estadual Roberto França (PR). A PF ainda não sabe dizer se os indícios recaem sobre França ou sobre Wilson Santos (PSDB), gestão em que as verbas teriam sido liberadas.

Além de Cuiabá, há inquéritos abertos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região sobre Tabaporã, Vera, Nobres, Colniza, Santa Rita do Trivelato, Juara, Feliz Natal, Torixoréu, Dom Aquino, Gaúcha do Norte, Santo Antonio do Leste, Poxoréu e Jaciara. Embora os inquéritos possam ter objetos diferentes de investigação, Curado Filho requisitou informações à força-tarefa para evitar duplicidade.

Fiscalizações -- Licitações fraudulentas na aquisição de ambulâncias e prestação de contas com notas fiscais falsas são algumas das irregularidades que a Controladoria-Geral da União voltou a encontrar em mais uma edição do Programa de Fiscalização de Municípios. A CGU analisou a aplicação de R$ 333,2 milhões, repassados pela União aos 60 municípios sorteados para a execução descentralizada de programas federais de governo.

Ao menos 11 dos 60 municípios fiscalizados adquiriram unidades móveis de saúde, com recursos repassados pelo Ministério da Saúde, de empresas do grupo Vedoin. A equipe de fiscalização também analisou as licitações realizadas por cada prefeitura e encontrou várias irregularidades, além dos indícios de conluio entre as empresas licitantes.

Em Nova Marilândia, os documentos do veículo entregue à prefeitura, em 2004, tinham sido emitidos em 2002, apesar de o edital da licitação estabelecer que o automóvel fosse zero quilômetro. Em Bom Jesus do Araguaia foi constatado que a unidade móvel rodou por apenas sete quilômetros até apresentar problemas no motor e, desde então – já se passaram dois anos –, estava parada em uma oficina mecânica, aguardando conserto.

Parlamentares – O Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu mais 90 dias para a força-tarefa concluir os inquéritos sobre o envolvimento dos deputados federais Welinton Fagundes (PR) e Pedro Henry (PP), ambos reeleitos, com a máfia das ambulâncias. Conforme o Olhar Direto antecipou, os ex-deputados Lino Rossi (PP), Ricarte de Freitas (PTB), Celcita Pinheiro (PFL) e Tetê Bezerra (PMDB) já foram indiciados por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção.





Fonte: Olhar Direto

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