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Cultura
Terça - 06 de Março de 2007 às 02:35
Por: Luiz Fernando Vieira

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Cuiabá entrará este ano no rol das cidades brasileiras que promovem grandes encenações públicas que retratam a Paixão de Cristo. O responsável pela montagem, que englobará cerca de 80 atores e será apresentada no Parque Mãe Bonifácia entre os dias 05 e 07 de abril, é o diretor de teatro Flávio Ferreira, do Cena Onze. Seu projeto foi aprovado entre vários outros apresentados ao governo do Estado e prevê uma verdadeira transformação da entrada do parque.

Em algumas cidades, a encenação da Paixão de Cristo é o principal evento do ano. É o caso de Nova Jerusalém, em Pernambuco, onde há 40 anos uma produção bastante esmerada reúne todos os anos milhares de visitantes, do Brasil e do exterior. Cuiabá não pretende chegar a tanto, mas os organizadores prometem um espetáculo grandioso. Para isso, uma equipe está trabalhando já algum tempo nos detalhes iniciais, como a construção de cenários e a escolha dos atores.

Flávio Ferreira, o diretor geral, e outros dois diretores, Luciano Antunes e Sarah Monarcos, passaram o final de semana aplicando testes para a definição do elenco. Ferreira conta que serão quase todos de Mato Grosso. O papel principal, no entanto, deve ser de um ator conhecido nacionalmente cujo nome ainda não foi divulgado. Ele vai contracenar com outros dez atores principais, 20 atores secundários e 45 figurantes. Haverá também artistas circenses.

A concepção cênica tem a praça da entrada principal do Parque Mãe Bonifácia como local dos fatos, que, historicamente, foram denominados Paixão de Cristo. O espetáculo foi dividido em oito estações: Milagres, Condenação de Jesus, A Última Ceia, Agonia no Horto, Fórum de Pilatos, Via Sacra, Crucificação e, finalmente, Ressurreição.

Ou seja, começa com o milagre da ressurreição de Lázaro e culmina com a ascensão, explica o diretor geral. São os últimos dias de Jesus Cristo, considerados os mais emocionantes, tanto para ele como para seus seguidores. O mesmo para o público, que conhece muito bem esse trágico episódio até hoje representado no mundo inteiro pelas comunidades cristãs. São cenas muito fortes que certamente darão muito trabalho ao elenco. "A história tem uma emoção muito grande, está no inconsciente coletivo. Você vê isso desde pequeno, então o povo vai para lá com tudo na cabeça", lembra Ferreira.

Ele inclusive está preocupado com a disposição dos espectadores no local. A idéia é que as pessoas não circulem tanto, já que as cenas acontecerão em diferentes pontos daquela praça. Para facilitar aos que não conseguirem uma boa posição, serão instalados telões em cima do coreto, ressalta.

Cada um dos trechos principais, das cenas-chave, vai acontecer num local específico. A proposta é aproveitar o que já existe ali, como a Concha Acústica e o Mirante, além de construir algumas estruturas. Uma delas será uma passarela por onde Jesus fará a via crucis, outra representará o palácio de Heródes, exemplifica, lembrando que a concepção é assinada em conjunto com Antunes e Sarah.

Para criar esses ambientes foi contratado um cenógrafo, o publicitário João César dos Santos. Ele foi o responsável pela Fábrica do Papai Noel e pela réplica do Arsenal de Guerra que foram erguidos no mesmo local, por ocasião das celebrações natalinas do ano passado. A iluminação também será assinada por um profissional da área, Lourivaldo, conta Ferreira. Quem assina o figurino é Jane Klintz e a maquiagem, Kim Fernandes. Para a trilha sonora foram chamados Carlos Jerônimo e Sônia Mazzeto e a sonorização é de Sadi. Já a coordenação do espetáculo está sendo feita por Carlinhos Ferreira.

Preocupados com o som, os diretores optaram por gravar as falas dos atores em estúdio, uma vez que se trata de espaço aberto. Pensou-se até mesmo em microfones de lapela, mas eles, além de onerar ainda mais o espetáculo, podem comprometer o desenvolvimento dos trabalhos já que esse tipo de equipamento costuma falhar em algumas situações. Esta semana começam os ensaios. Depois de montadas as primeiras cenas, será feita a gravação.

Inicia-se, então, uma outra fase que promete deixar a equipe ainda mais agitada. Ferreira revela que muitos deles estão "virando noites" há alguns dias para deixar tudo "redondo", pois o tempo é curto. Os ensaios, de acordo com ele, vão de terça a domingo, sem interrupção. O único dia de descanso é a segunda-feira.

Flávio Ferreira não esconde um certo frio na barriga. Uma sensação que é mistura de entusiasmo com apreensão. Afinal, este é o maior espetáculo já dirigido por ele. "Dirigi um espetáculo com 68 pessoas, oito anos atrás, no Teatro da Universidade. Era outra concepção, palco italiano, era uma coisa menor. Com essa complexidade é o maior, certamente", diz ele.

O projeto de Ferreira foi escolhido entre os de quatro outras pessoas, convidadas pelas Secretarias de Estado de Cultura (SEC) e de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social (Setecs), as responsáveis pela realização.




Fonte: A Gazeta

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