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Politica Brasil
Segunda - 05 de Março de 2007 às 15:01
Por: Wilson Lemos

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As escolas que saíram às ruas foram as mesmas que já desfilaram em quase todos os carnavais. Nada de novo mostraram quanto aos seus integrantes, apresentando a mesma predominância de foliões antigos, de figurinhas carimbadas desse nosso carnaval que há décadas pouco tem oferecido para empolgar a turma das arquibancadas. Mestres-sala e porta-bandeiras executavam coreografias já conhecidas, desfraldando desbotados estandartes que não provocavam aplausos. Os sambas que lembravam o do crioulo doido pareciam novos, mas seus enredos eram bem velhos. Exploravam os mesmos temas já abordados ao longo dos últimos decênios.

Não estou me referindo ao carnaval propriamente dito ou às nossas maravilhosas escolas de samba que o fazem o maior espetáculo da terra. Refiro-me, usando metáforas, à folia das campanhas eleitorais; à mesmice desse nosso carnaval político que dura quatro anos, ou seja, todos os Governos que temos aturado nesse mais de meio século. Falo dos grupos políticos que os sustentam e das forças oposicionistas que os combatem com ferocidade. Quase todos – usando a expressão popular – farinha do mesmo saco.

A última campanha, fora a proibição de showmícios, em nada diferiu das anteriores quanto à forma e aos métodos utilizados. A mesma promiscuidade ideológica, o mesmo ritual de conchavos e mancebias eleitorais de sempre; as mesmas bandeiras desfraldadas por todos os candidatos, as mesmíssimas promessas e os mesmos compromissos que mais uma vez não serão cumpridos. A mesma e até maior influência do poder econômico de novo se fazendo presente, gestando candidaturas milionárias e repetindo a prática condenável dos mesmos crimes eleitorais.

Tudo parece indicar que o período de governo há pouco iniciado não será diferente dos anteriores. Já decorreram mais de dois meses e nenhum lance novo no tabuleiro do xadrez político, nenhuma mudança no tal jeito petista de governar. O governo-bis de Lula continua com a mesma cara e os mesmos cacoetes. No palco, ainda permanece o elenco do espetáculo anterior atuando como antes. A pretexto de garantir a governabilidade, a pauta prioritária continua a mesma: a reconstrução da necessária base de apoio parlamentar, tida como indispensável aos objetivos do Planalto. Para tanto, o governo volta a empregar os mesmos métodos de cooptação, utilizando os ministérios e altos cargos do primeiro escalão para comprar apoios.

Os prováveis “aliados” se oferecem com a mesma fome de poder. Estão dispostos a servir o Brasil, contanto que sejam regiamente pagos e tenham acentos privilegiados à mesa do banquete oficial. Veja-se, por exemplo, como age o PMDB para mostrar o seu desprendimento neste novo escambo político. Por sua vez, os demais setores mercenários do fisiologismo acompanham os passos da outrora independente Legenda da Esperança do finado Dr. Ulisses. Quanto à oposição, continua como sempre: passional, raivosa e maniqueísta. PSDB, PFL e outros partidos do “água, meus netinhos, azeite, senhora avó”, desde já se arregimentam e dão início as escaramuças pensando em 2010.

Se o Executivo permanece como dantes, o Legislativo se mantém quase o mesmo. O Congresso continua exibindo a maioria dos medalhões da política nacional. Entre eles, velhos freqüentadores das páginas policiais, outros que sobreviveram ao tsunami do mensalão e sanguessugas e alguns que imaginávamos já mortos e enterrados para a vida pública. É certo que houve um razoável percentual de renovação na Câmara Federal. Acontece que de suas 513 cadeiras,175 foram ocupadas por parlamentares que respondem a vários processos. A renovação, pelo visto, corre o risco de ter o mesmo efeito de remendo novo em tecido velho. Como se vê e dizia Salomão, nada de novo existe sob o sol.

( Wilson Lemos= E-mail: wfelemos@terra.com.br)





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