Diálogo mostra que pilotos do Legacy tiveram problemas com idioma e equipamentos do jato
De acordo com o jornal, a torre de São José dos Campos (SP), de onde decolou o Legacy, não detalhou as três altitudes do plano original. Os norte-americanos entenderam que deveriam voar a 37 mil pés até Manaus, altitude que deveria ter sido mudada duas vezes. Na mesma rota, em sentido contrário, estava o Boeing 737-800 da Gol.
Além disso, as transcrições da Polícia Federal mostram que os pilotos não estavam familiarizados com o Legacy, que tinha sido comprado da Embraer e estava sendo levado para os Estados Unidos. Em certo trecho da transcrição, um dos pilotos diz estar enfrentando problemas para operar o FMS, equipamento que gerencia todos os dados do vôo, inclusive altitude e rota.
O inglês dos funcionários da torre de controle também teria contribuído para o acidente, já que o Legacy e os cotroladores não conseguiram se entender nas três vezes em que os pilotos perguntam sobre altitude. Lepore e Paladino citam problemas com o rádio.
O sistema anticolisão estava inoperante. Até o choque não há registros de que o equipamento tenha sido desligado, mas só depois do acidente é que Lepore e Paladino falam da possibilidade de ele não estar funcionando. Autoridades aeronáuticas investigam se um deles estava com um laptop aberto, que esconderia o painel do transponder.
O Legacy conseguiu pousar na base da Serra do Cachimbo, no Pará. Ainda na cabine, após o pouso, Lepore e Paladino comemoram o fato de ter conseguido pousar, tentam entender se bateram mesmo em outra aeronave e dizem que "os caras [controladores] esqueceram da gente. Fiquei sem falar com ninguém por muito tempo". Por falta de orientação dos controladores brasileiros, não teriam mudado a altitude.
O documento da PF revela que as torres de Manaus e de Brasília não sabiam que o Legacy e o Gol 1907 voavam na mesma altitude. Eles tiveram a certeza de que as aeronaves tinham se chocado só depois de 50 minutos. Perguntado se o Boeing estava em sua área, o controlador de Manaus responde a Brasília: “Ué! Que Gol 1907 é esse?”. Na semana passada, o delegado responsável pela investigação isentou de culpa os controladores de Manaus, alegando que eles não tiveram tempo para evitar o desastre.
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