Fúria dará o tom cênico ao Grito Rock Cuiabá
Inclusive caberá ao Fúria a produção de uma série de apresentações cênicas cuja interatividade, uma das marcas mais fortes dos trabalhos elaborados pela companhia, é ingrediente recorrente nas peças do Grito, quando a irreverência dará a tônica às temáticas paganistas que envolvem esta que é uma das festas mais tradicionais da cultura brasileira.
A programação furiosa terá início no dia 17. "A hora que o diabo inventou o rock an roll" é o tema em questão, e será apresentado pelo ator e roteirista Péricles Anarcos, autor da peça Nepal, um dos trabalhos conterrâneos do gênero mais aclamados pela crítica e público em todo o Brasil. Na esquete em cartaz, o momento exato em que o diabo inventou o rock and roll será revelado meio ao público, que subitamente será surpreendido pela chegada do furioso na arena.
Já no dia dia 18, será a vez de Caio Matoso, fazer o público rir com o "Meio Ambiente", e no dia 19, a peça da vez será a "IM DA RAUZE OFI DE LORDI DONTI EXISTE SATAN", que abordará a história de um religioso muito trapalhão que "usa de métodos heterodoxos para tirar o tinhoso, o capeta o demo, o capiroto, o coisa ruim, o sete pele, da vida de jovem usuário de maconha e metaleiro", sintetiza jocosamente o texto de sinopse.
Histórico - Formado por, Giovanni Araújo, Bruna Menesello, Caio Matoso, Rodrigo Toledo e Péricles Anarcos, o Fúria, nasceu há sete anos com a determinação de fazer do teatro um modo de vida, estabelecendo uma relação visceral, orgânica, definitiva.
Interessante a postura do grupo onde todos fazem de tudo, como dizem: "É uma trupe multifacetada, multidisciplinar, com uma vontade obstinada de fazer teatro sob o sol do cerrado brasileiro". Dividem tarefas, cumplicidade e confiança. Todos são atores, diretores, autores, produtores, iluminadores e cenógrafos.
Depois de Nepal , que abordava o apocalipse, com o encontro dos dois últimos sobreviventes da Terra condenados à morte que se sentem no dever de reinventar uma nova convenção social. Experimental, inventiva, crítica, a montagem revelava uma lucidez que inaugurava um novo modo de fazer teatro em Cuiabá. Cenário mínimo, texto certeiro, direção segura, bons atores, algo de novo surgia no cenário matogrossense.
De lá para cá já foram sete peças montadas, mais de 700 apresentações em mais de 50 cidades de 20 estados brasileiros, participações destacadas nos festivais, de Curitiba (2001) , Londrina (2001 e 2004) , Rio Cena Contemporânea (2004) , projeto Palco Giratório do SESC Nacional (2003) e Caravana Funarte (2005) . O Fúria atingiu, seguramente, uma maturidade estética singular e tem potencial para se consolidar como presença e referência do que há de melhor nas artes cênicas nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil.
Eles desenvolvem também alguns projetos de oficinas, acreditam que é possível formar cidadãos através do teatro, ou mesmo, formar técnicos e artistas para trabalharem com o teatro. Estão adaptando o espaço físico de uma casa bastante grande, onde trabalham hoje, para transformá-la em um Centro Cultural , com teatro de bolso, arena, salas para oficinas e uma biblioteca básica, com acervo direcionado para o teatro.
O Fúria ampliou suas ações e produziu em 2006, o primeiro Festival Nacional de Teatro de Cuiabá, o evento aconteceu em julho. Invadiram ruas, espaços não convencionais, salas de teatro, criaram uma efervescência para agitar a cena local. A idéia é consolidar o Festival que foi um sucesso em seu primeiro ano de realização.
Certos trabalhos nos fazem repensar as relações que travamos com a vida. É possível fazer teatro com qualidade estética e autoral em Cuiabá. Os caras estão mostrando isso com muita determinação e dignidade. Já posso ir ao teatro com a certeza de que, como disse o poeta: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena."
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