Disputa pela presidência divide diretórios do PMDB
Ontem, o PMDB paulista escolheu apoiar oficialmente Temer. A mesma decisão deve ser tomada pelo diretório mineiro. ' Mais de 90% do PMDB mineiro já está fechado com o Temer. Aqui não vai haver racha ' , diz o deputado Fernando Diniz, presidente do diretório no Estado, o segundo maior ' colégio eleitoral ' da legenda. No Rio de Janeiro, o partido pode sair dividido. O governador Sérgio Cabral apóia Jobim mas o ex-governador Anthony Garotinho, que preside a legenda no Estado, deve apoiar Temer, que sustentou sua tentativa de sair candidato a presidente da República pelo partido em 2006.
Além de Cabral, Jobim ainda conta com o apoio de outros quatro (dos sete) governadores do partido: Eduardo Braga (AM), Paulo Hartung (ES), Roberto Requião (PR) e Marcelo Miranda (TO), que usualmente definem os votos dos filiados nos seus respectivos Estados. Os outros dois governadores - André Puccinelli (MS) e Luiz Henrique (SC) - ainda não teriam se posicionado. Em Mato Grosso do Sul, o líder do PMDB local, o deputado Waldemir Moka, afirma que a tendência é apoiar Temer. ' Se não for unanimidade, é a maioria esmagadora. Agora, o (governador) André (Puccinelli) é um companheiro do partido.
Eu acredito que, se o partido decidir (por Temer ou Jobim), vai acompanhar essa decisão ' , afirma Moka. Jobim ainda conta com outros dois apoios de peso no partido: os senadores Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, e o ex-presidente da República José Sarney (AP), que influenciam os votos nos seus respectivos diretórios regionais. O ex-governador Orestes Quércia, que preside o PMDB em São Paulo, afirmou que vai se empenhar pela candidatura única no partido: ' Se houver disputa, nós corremos o risco de dividir o partido outra vez.
Nós só conseguimos uma unidade com muito esforço ' . Segundo Quércia, uma disputa pode voltar a dividir o partido: ' Eu acredito que o Nelson Jobim, que é uma pessoa que nós respeitamos, seria um grande presidente (do PMDB), mas nesse momento, quem soma o partido é o Temer ' . Quércia negou que vá se reunir com Jobim e afirmou apenas que um entendimento pela candidatura única deve ser feito entre os dois candidatos. Nos bastidores, lideranças do partido já se articulam para evitar que a disputa entre Jobim e Temer e cresça e ganhe ' contornos de guerra ' . A estratégia é evitar que a pendência seja resolvida no voto. O PMDB elege seu novo presidente no dia 11 de março.
A estratégia de manter a unidade é visto como fundamental para o partido, que disputa espaço com o PT no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, às vésperas de uma nova reforma ministerial. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com representantes do PMDB para discutir o espaço da legenda no segundo mandato (ver matéria nesta página). Segundo Quércia, o fato de Temer ter sido chamado para conversar pelo Planalto fortaleceu sua candidatura. ' Havia a idéia do presidente Lula somente chamar o PMDB para conversar depois das eleições do partido. Nesse caso, estava entendido um apoio do Lula para Jobim. Agora, na medida em que o presidente chamou o Temer, ele fortaleceu a posição dele ' .
O ex-governador afirma que vai se esforçar para que o PMDB chegue às eleições para o Diretório Nacional com uma candidatura única. Ele evitou comentar qual o nível de divisão dos diretórios regionais do partido em torno das duas candidaturas, mas admitiu que a empreitada ' não será fácil '.
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