AULA DE INICIATIVA
Foi impressionante o nível da adesão dos líderes políticos e empresariais da região (ao menos 1.500 pessoas participaram do seminário). E não foi só número. A qualidade da participação precisa ser ressaltada, bem como atenção depositada por cada assistente. Das 14h às 19h da última sexta-feira, praticamente não se ouvia som no plenário improvisado do SESI de Sinop, a não ser as vozes dos palestrantes. A platéia permaneceu sentada e atenta a cada palavra, a cada gesto, reagindo com a cabeça em sinal de aprovação ou reprovação.
Houve poucos aplausos. Isso, no entanto, não significa reprovação. Significa que quem foi ao seminário, e mesmo quem o realizou, não buscavam um ato político, pura e simplesmente. A intenção, levada a efeito na prática, era debater problemas, dificuldades, e sinalizar com soluções.
É uma demonstração clara que a sociedade ainda se dispõe a envolver-se com política, desde que consiga acreditar nas iniciativas de seus líderes.
A situação no Nortão é realmente muito grave. Um pólo de desenvolvimento econômico de Mato Groso em tempos recentes, uma ilha de prosperidade, de repente viu seus sonhos se desmoronarem feito castelo de cartas abalado pela brisa mansa da manhã.
A crise da região, contudo, é estrutural, por isso todos lá têm consciência que meias medidas ou medidas paliativas não a resolverá. Talvez por isso ninguém tenha ido lá em busca de aplauso ou de aplaudir.
As soluções para o Nortão passam por mexidas estruturais, macro-econômicas, como um novo modelo de desenvolvimento sustentado na diversificação da economia. O papel do Estado, entendido aqui como a reunião dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, nos três níveis, é o de auxiliar e induzir essa missão. Algumas mudanças na legislação, sobretudo na ambiental, se farão necessárias. Algumas ações com base na legislação atual também. E investimentos em infra-estrutura são fundamentais.
O sentimento de quem participou do seminário de Sinop é de que há saídas. A principal demonstração disso é o próprio seminário. Porque tanta gente pensando ao mesmo tempo sobre os mesmos problemas, injetando sua energia no mesmo sentido e direção, certamente haverá de gerar bons resultados.
O seminário do Nortão é um exemplo e um modelo para outras regiões de Mato Grosso. Talvez nenhuma delas tenha vivido essa gangorra de desenvolvimento, pelo menos de forma tão abrupta. Mas, as desigualdades regionais de Mato Grosso são bastante acentuadas, provocando contrastes muito fortes internamente, e na relação umas com as outras. Sul, Baixada Cuiabana, Oeste, Araguaia, todas têm também suas dificuldades, que demandam soluções apropriadas e particularizadas.
Mas, o primeiro passo sem dúvida é a mobilização local e a articulação regional, estadual e nacional. Nesse aspecto, o encontro de Sinop deu uma grande aula de iniciativa para Mato Grosso.
KLEBER LIMA é jornalista, especialista em marketing e consultor de Comunicação e Política. E-mail: kleberlima@terra.com.br. www.kgmcomunicacao.com.br.
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