Até políticos condenam Foro Privilegiado
Aliado à imunidade parlamentar, o Foro Privilegiado gera muitas vezes o sentimento de impunidade. Entretanto, os debates em torno do assunto dão os primeiros sinais de uma real mudança sobre a questão. Pelo menos quatro parlamentares, ou 50% da bancada federal mato-grossense, defendem a revisão ou o fim do Foro Privilegiado.
Os deputados Carlos Bezerra (PMDB), Eliene Lima (PP), Valtenir Pereira (PSB) e Homero Pereira (PPS) afirmam posicionamento contrário à legislação vigente. Bezerra condiciona a prerrogativa às funções do exercício parlamentar. Ou seja, o parlamentar, na opinião dele, deveria responder por outros tipos de crime como o de corrupção, por exemplo, na Justiça Comum. “O Foro Privilegiado deve ser aplicado para o parlamentar como para qualquer cidadão”, avaliou.
Eliene aposta no fim do Foro Privilegiado. Contudo, também abre margem para outro tipo de revisão: a da necessidade de critérios em relação ao julgamento da Justiça e da própria sociedade. “Sou favorável a acabar com o Foro Privilegiado. Mas sei que corremos o risco da injustiça. Também é necessária uma revisão da aplicação da legislação e a sociedade precisa ser mais cautelosa”, disse.
O deputado Valtenir Pereira (PSB) chamou a atenção para a revisão da prerrogativa na questão da celeridade dos processos. “No Supremo Tribunal Federal são só 11 ministros e isso provoca o acúmulo dos processos. Mas a questão de tirar o Foro Privilegiado deve ser avaliada. O problema é a morosidade e por isso precisamos buscar um meio de dar uma resposta rápida para a sociedade”, enfatizou.
Para o deputado Homero Pereira (PPS), a questão deve ser revista. O entendimento do parlamentar é que o Foro deve ser aplicado em determinadas situações, em outras não. “No geral, não defendo. Existem situações em que o Foro não deve ser mantido. O parlamentar deve ter prerrogativas sobre o uso de suas funções enquanto parlamentar, mas sobre outras questões não deve ter privilégios”, disse.
DEFESA - O deputado Carlos Abicalil (PT) disse que o Foro Privilegiado é uma prerrogativa democrática. Ressaltou que a Justiça deve acelerar o julgamento dos processos. Contudo, lembrou que o Foro Privilegiado é válido para ações decorrentes do mandato e no período do mandato. “A garantia do exercício do mandato deve ser dada com liberdade de expressão”, acrescentou.
O deputado Pedro Henry também concorda com o Foro Privilegiado da maneira como vem sendo aplicado. O parlamentar tem receio de que o julgamento na Justiça Comum crie um ambiente desfavorável ao alvo do processo.
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