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Politica Brasil
Segunda - 05 de Fevereiro de 2007 às 14:53

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O Palácio do Planalto precisará ceder a interesses individuais das bancadas no Congresso se quiser ver seus projetos aprovados. O apoio que o governo precisa neste momento para aprovar as linhas gerais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não deve vir dos representantes do setor rural. Eles reclamam que a área não foi inserida de forma direta no pacote.

Antes da eleição para o comando da Câmara e do Senado, na semana passada, a bancada ruralista, uma das que têm mais peso no Congresso, apresentou aos deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Aldo Rebelo (PC do B-SP), que concorriam à presidência da Câmara, uma lista de prioridades para o campo.

Entre elas, os parlamentares citaram a necessidade de agilizar as análises para pesquisa e uso comercial de transgênicos e de o governo aceitar uma nova rodada de renegociação de dívidas do setor rural.

Um outro assunto colocado na mesa foi a revisão dos índices de produtividade da terra para fins de reforma agrária, tema que tira o sono dos grandes produtores rurais do País e que os parlamentares querem que o governo 'esqueça'.

A expectativa do deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) é de que Chinaglia, escolhido como novo presidente da Câmara, seja o grande articulador da agricultura junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas nem a possibilidade de abertura de diálogo entre o Congresso e o Executivo impedirá que a bancada ruralista, que sempre foi uma pedra no sapato de qualquer governo e que manteve a tradição no primeiro mandato do presidente Lula, defenda seus interesses. "Os assuntos estão na pauta e vamos cobrar uma posição do governo, não em tom de confronto, mas vamos cobrar", resumiu o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS).

Mesmo filiado a um partido que faz parte da base de apoio do governo no Congresso, Heinze diz que sua postura será a de "manter a mesma linha de defesa do setor agrícola". "O partido está apoiando o governo, mas eu não preciso estar alinhado com todas as idéias do partido ou atuar só na defesa dos interesses do governo", resumiu.

Contrapartida

A posição de Heinze reflete a postura da bancada ruralista, que tem grande poder de pressão e costuma exigir algum tipo de contrapartida quando há uma votação de interesse do governo. Em 2005, por exemplo, os ruralistas conseguiram barrar por algumas semanas a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2006.

Além da insatisfação em relação ao PAC, Antônio Augusto de Queiroz, analista político e diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), lembra dos novos nomes que farão parte da bancada ruralista.

"A bancada ruralista terá uma força grande na nova legislatura em razão da qualidade de seus quadros. A bancada terá mais poder de negociação e articulação."

Avaliação feita pelo Diap com base no resultado das eleições de outubro mostra que a bancada perdeu em quantidade: foram eleitos 102 deputados ou senadores, contra 111 parlamentares que representavam o setor agropecuário na legislatura anterior.

"Mas a bancada ganhou em qualidade, porque foram eleitos parlamentares que tinham exercido mandatos e que agora retornam ao Congresso. Também há deputados novos que têm grande militância e legitimidade junto ao agronegócio", comentou Queiroz.

Entre esses nomes, ele citou Homero Pereira (PR-MT), que, em sua primeira eleição, conseguiu uma cadeira na Câmara. Ele foi o segundo deputado mais votado em Mato Grosso, com pouco mais de 100 mil votos. Pereira é um velho conhecido do setor agrícola.

Além de presidir a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), ele liderou o 'tratoraço' em junho de 2005, quando produtores rurais invadiram a Esplanada dos Ministérios para alertar o governo e a sociedade para a crise que atingia o setor agrícola. Outro nome citado pelo assessor é o de Kátia Abreu, que conseguiu trocar a Câmara pelo Senado.





Fonte: G1

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