<b>Mega-Sena: bois de viúva presa "passam fome"</b>

Depois das vacas gordas, o tempo das vacas magras. Com as contas bloqueadas, a administração da fazenda Nossa Senhora da Conceição, adquirida pelo milionário Renné Senna, em Rio Bonito (RJ), está sem dinheiro para comprar ração e vacina para o gado. "A fazenda está se deteriorando. Não se tem como manter os bois", afirma a advogada Tomomi Dumans, do escritório que defende a viúva Adriana Ferreira Almeida, 29 anos, presa na carceragem feminina da 72ª DP (São Gonçalo), por suspeita de ser a mandante do assassinato de Renné, no dia 7 de janeiro.

Por decisão da juíza da 2ª Vara Criminal de Rio Bonito, Renata Gil de Alcântara, as contas da viúva do milionário estão bloqueadas. Empregados da fazenda, inclusive os seguranças, estariam sem receber. A advogada informou que os funcionários - cujo número não precisou - estão trabalhando por "boa vontade", na expectativa de receber depois.

Segundo ela, só há recursos para a compra de alimentos para a família de Adriana, instalada na fazenda. Lá estão os três filhos, o mais velho de 12 anos, frutos de dois relacionamentos anteriores ao milionário. A administração está nas mãos da irmã de Adriana, Valéria, e seu marido. Sábado à tarde, ela fez compras no Mercado Lagos, em Rio Bonito, acompanhada de um homem.

Em Rio Bonito circulam boatos de que parte do gado estaria sendo negociado clandestinamente para a manutenção da fazenda. A advogada Tomomi Dumans negou. "Os animais só podem ser vendidos com a autorização da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O que adiantaria alguém comprar o animal e depois não poder revendê-lo?", ponderou.

Na fazenda, a situação aparentemente é normal. Sábado à noite, todas as luzes estavam acesas. Neste domingo, parte do gado estava no pasto lateral à casa principal. O temor dos familiares é de que, sem recursos para manter os funcionários, a propriedade seja invadida. O imóvel teria custado R$ 9 milhões, mas há versões de que o preço de mercado do imóvel seria de R$ 4 milhões.

Foragida promete se entregar A polícia aguarda para esta segunda-feira a apresentação de Janaína Silva de Oliveira, mulher do ex-PM Anderson da Silva de Souza, que se entregou sexta-feira na Delegacia de Homicídios (DH). O preso negou envolvimento no assassinato do milionário da Mega-Sena. Outro foragido do crime é o ex-segurança Ednei Gonçalves Pereira. Nesta segunda, dois seguranças devem depor.

O delegado Roberto Cardoso deve ouvir hoje fitas entregues sexta-feira por advogado amigo da família de Renné. A testemunha contou ter avisado ao milionário de que ele e sua filha, Renata Almeida, poderiam ser vítimas de atentado tramado por Miguel Senna, irmão de Renné. "O áudio não está muito bom, mas vou analisar o conteúdo para saber de que forma essas informações podem ajudar", frisou.

De volta à profissão de cabeleireira Longe da vida luxo da fazenda de Rio Bonito e dos tratamentos de estética que costuma fazer mensalmente, Adriana Almeida, presa na carceragem feminina da Polinter, na 72ª DP (São Gonçalo), voltou a exercer a antiga profissão de cabeleireira para conquistar as colegas de cela. Já menos assustada com a nova realidade, ela tem se distraído fazendo chapinhas e escovas nos cabelos das presas.

Por conta dos serviços de beleza, a viúva do milionário já teria até angariado torcida a seu favor entre as detentas. "Ela fez o cabelo da minha neta e de outras presas. Ficou ótimo. As meninas estão o do lado dela e não acreditam que ela seja criminosa. Dizem que chora só quando lembra dos filhos", disse uma dona-de-casa.

Ontem, uma tia de Adriana esteve no início da manhã na carceragem para levar roupas para a sobrinha, mas acabou barrada porque ontem era dia de visita somente para as detentas da faxina - que têm bom comportamento e fazem a limpeza das celas. Adriana almoçou arroz, feijão, verduras, frango e macarrão, um dia após passar fome na cadeia porque as quentinhas estavam estragadas.