Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Sábado - 03 de Fevereiro de 2007 às 08:19

    Imprimir


De acordo com registros da Câmara e do Senado, 20 deputados e 2 senadores já tinham trocado de partido no período entre a eleição e a abertura da nova legislatura, nesta sexta (2). Todos migraram para partidos da base governista. Doze deixaram partidos de oposição e os outros dez transitaram entre legendas que apóiam o governo.

No início da legislatura anterior (2003-2006), 37 deputados mudaram de partido entre o resultado das urnas, em outubro de 2002, e a posse em janeiro de 2003. A legislatura também teve número recorde de mudanças partidárias: foram 131 movimentações protagonizadas por 107 deputados, segundo dados da Câmara.

Somente na quinta-feira (1º), mesmo com a posse dos novos deputados e senadores e as eleições dos presidentes da Câmara e do Senado, sete deputados registraram a mudança de legenda na Secretaria Geral da Mesa da Câmara. Só o PAN (Partido dos Aposentados da Nação) filiou quatro novos nomes, aumentando a bancada para cinco deputados.

PR incha O Partido da República (PR), resultado da fusão entre PL e Prona, foi o principal beneficiário: filiou 11 parlamentares, dos quais dez deputados e um senador. O PPS, por sua vez, teve o maior número de baixas (seis), contra três do PFL e duas do PSDB.

A relação entre o partido com mais filiações e o que registrou mais desligamentos não é coincidência. Boa parte das mudanças aconteceram na esteira da saída da legenda do governador reeleito de Mato Grosso, Blairo Maggi, que deixou o PPS depois de enfrentar um processo de expulsão por pedir votos no estado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante as eleições.

“Ficamos sem ambiente dentro do PPS, por conta dessa atitude, que achamos antidemocrática. Não havia resolução por parte do partido em apoio à candidatura de Alckmin”, conta o deputado recém-empossado Homero Pereira, um dos seguidores de Maggi, que trocou a antiga legenda pelo PR.

Recém-constituído, o PR conquistou a vice-presidência da Câmara e ainda espera crescer dos atuais 37 para pelo menos 44 deputados. No último dia 30 de janeiro, estava com 34.

Pereira, que em 2005 liderou um protesto de agricultores em Brasília contra a política do governo Lula para o setor, não vê incongruência em fazer parte agora da base governista.

“O governo hoje tem uma visão totalmente diferente do agronegócio do que naquele momento de crise aguda. Houve alguns encaminhamentos e já tivemos muitos pleitos atendidos”, afirma.

“Estar na base não significa que vamos concordar com tudo que o governo faça. Mas vamos buscar soluções por outras vias, que não seja o protesto, mas pelo convencimento e articulação”, completa.

Fidelidade partidária Assim como o ex-presidente e senador Fernando Collor, que ontem oficializou sua mudança do oposicionista PRTB para o governista PTB, muitos dos deputados eleitos em outubro que já trocaram de sigla afirmam que aprovariam uma proposta de fidelidade partidária.

Com essa finalidade, Collor afirmou nesta sexta (2) que apresentará um projeto de reforma política. "Eu venho me insurgindo contra isso [o troca-troca] e é por isso que vou propor, no final de março, uma reforma política ampla, profunda e abrangente, com regras mais claras, para evitar casos como este", afirmou o ex-presidente, ao justificar a própria mudança de legenda como resultado das "regras do jogo político no país".

O argumento é semelhante ao empregado pelo deputado Nelson Goetten, que abandonou o PFL rumo ao PR. “Gostaria de um dia votar uma reforma política, gostaria que não tivéssemos mais de três ou quatro partidos, que o voto fosse de fidelidade”, declarou.

O ex-pefelista, que disse ser contra o que chama de “assistencialismo” do atual governo - ele menciona acordos com o MST e o programa Bolsa Família - também não vê problemas em assumir sua nova posição na Câmara.

“O PFL levantou fortemente a bandeira da oposição. Mas as urnas disseram que não tinha titularidade para falar de agricultor, de pobre. Quero ter a oportunidade de, junto com a estrutura do governo, com as pessoas que mandam, tentar resolver os problemas do Brasil.”

O estreante Raymundo Veloso, que deixou o oposicionista PPS pelo governista PMDB, concorda com o colega. “O instituto da fidelidade é legal. Sou contra o candidato que se elege por um partido e troca. Mas, no meu caso, seria um contra-senso, já que apoiei a eleição de Lula e do [governador eleito] Jaques Wagner na Bahia”, afirmou.

Acordos Os acordos firmados nas eleições estaduais e a “personalização” do voto no candidato em detrimento do partido são outros argumentos utilizados para justificar a dança das cadeiras.

“No meu estado [a Paraíba], eu tinha uma ligação forte com o presidente estadual do PTB. Sou amigo pessoal do [presidente nacional do partido] Roberto Jefferson. Além disso, por ser sido secretário do Trabalho e Ação Social [no governo do tucano Cássio Cunha Lima], consegui construir, apesar de ser de um partido de oposição, uma boa relação com todo pessoal do Ministério do Desenvolvimento Social”, justifica Armando Abílio, que trocou o PSDB pelo governista PTB.

Além dos laços de amizade, o deputado cita a maior visibilidade que ganhou no novo partido, no qual já assumiu a presidência do diretório paraibano.

O apoio dado ao presidente Lula em Tocantins e o conseqüente desgaste com sua legenda de origem foi também o motivo apontado pelo deputado Laurez Moreira para migrar do oposicionista PFL para o PSB.

“Tive problemas com o PFL durante a campanha porque apóio o governador do Tocantins [Marcelo Miranda, do PMDB], que apóia o presidente Lula. E o meu partido apoiava o candidato da oposição”, diz.

E quanto aos eleitores que lhe conferiram o mandato pela antiga sigla? “Em nenhum momento fiz campanha ideológica ou preguei o partido e seu programa. Já fui deputado estadual e vereador e quem votou em mim, votou pela pessoa, e não pelo partido”.





Fonte: G1

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/244411/visualizar/