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Cultura
Terça - 30 de Janeiro de 2007 às 04:40
Por: Beatriz Coelho Silva

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O arquiteto Oscar Niemeyer é alvo de uma exposição que o homenageia com uma retrospectiva de seus 71 anos de carreira e 99 de idade. A mostra tem maquetes, desenhos originais - técnicos e artísticos - e fotos da construção de Brasília e da Pampulha, em Belo Horizonte, feitas por Marcel Gautherot, além de cronologia da vida e da obra do arquiteto. O diretor do Paço Imperial e curador da mostra, Lauro Cavalcanti, também curador da mostra, dividiu-a em duas: no térreo, conta a vida de Niemeyer e, no segundo andar, mostra suas idéias e obras mais recentes, inclusive as esculturas e os dois projetos mais novos, um centro de convenções na praia de Boa Viagem, no Recife, e um monumento a Simón Bolívar, a ser construído em Caracas, na Venezuela.

"Estive com Chávez quando ele veio na reunião do Mercosul (há duas semanas) e achei interessante seu movimento que divulga as idéias de Simón Bolívar", conta Niemeyer, que se casou com Vera, sua antiga secretária, em novembro do ano passado e, desde então, intensificou sua vida social. "Foi um carinho enorme do Lauro Cavalcanti realizar esta reunião de meus trabalhos. Não interferi na organização porque confio plenamente no que ele faz."

Apesar de ter sido sempre ativista de esquerda, o que lhe custou exílio na ditadura militar, Niemeyer não acredita que seu ofício mude o mundo. "A arquitetura tem que dar prazer, emocionar, fazer o homem comum, sem acesso aos benefícios do dinheiro, sentir prazer e felicidade quando vê uma obra na rua. Para isso ela serve, não para mudar o mundo", diz. "Vivemos num mundo injusto, que devemos lutar para modificar. Sou de esquerda há quase 100 anos (ele nasceu em 15 de dezembro de 1907) e acredito que o inesperado determina nossa vida. Não é a arquitetura, a ciência ou qualquer coisa feita pelo Homem."

Nestes quase 25 anos, sua produção não parou, a ponto de ninguém, nem a fundação que leva seu nome e é gerida por seus descendentes, saber o número exato de seus projetos. Calculam-se mais de 600. Na mostra há maquetes das principais obras, como a igreja e o cassino da Pampulha, os palácios Alvorada e do Planalto, em Brasília, o auditório do Ibirapuera, em São Paulo, e a sede do Partido Comunista Francês, em Paris. Duas paredes foram cobertas com reproduções dos primeiros esboços da Pampulha (e uma maquete em arame para dar idéia do volume e da obra) e de Brasília. "Ao contrário do que se divulga, ele acompanha o detalhamento de cada trabalho, quer ver como a idéia se desenvolve", diz Cavalcanti.

A mostra termina com suas esculturas mais recentes, num corredor que tem as paredes pintadas com o esboço do Caminho Niemeyer, em Niterói. No fim, dois telões exibem seus desenhos e maquetes virtuais correspondentes. Para Niemeyer, qualquer meio de expressão vale a pena. "A arquitetura está na cabeça e a mão é apenas o instrumento", disse. "Mas todo arquiteto deve saber desenhar, deve estudar e ler muito, saber que mais importante que qualquer trabalho é a vida, a família e os amigos."




Fonte: AE

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