Mantega diz que fez apenas "brincadeira" com Meirelles sobre juros

O ministro Guido Mantega (Fazenda) negou que faça pressão para que o Copom (Comitê de Política Monetária) reduza a taxa de juros. No dia do anúncio do PAC (Programa para Aceleração do Crescimento), ele direcionou um comentário ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

"O mercado está esperando uma redução da taxa Selic. A continuação [do processo de queda], viu, Meirelles?", disse o ministro na segunda-feira.

Hoje, ele classificou como brincadeira o comentário. "Eu não pressiono o Banco Central. Foi apenas uma brincadeira. Um comentário jocoso."

Mantega também não quis informar qual a sua expectativa sobre a reunião do Copom, que será encerrada hoje. A aposta majoritária do mercado é que o corte da Selic, hoje em 13,25%, será de 0,25 ponto percentual. Alguns analistas esperam uma redução maior, de 0,5 ponto.

Ao chegar ao Ministério da Fazenda para participar da reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), o presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou que não existe pressão de Mantega para o corte de juros.

"Não existe pressão nenhuma. Só a confiança, como grande parte da sociedade brasileira, de que vamos entregar a inflação na meta mais uma vez e em conseqüência todos os fatores macroeconômicos tenderão a se estabilizar."

A meta de inflação para este ano é de 4,5% do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

Superávit

Mantega afirmou ainda que não há espaço para uma redução do superávit primário, que é a economia do governo para o pagamento de juros.

A meta é de 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto), mas na prática o governo poderá fazer 3,75% se realizar todas as obras de infra-estrutura do PPI (Programa Piloto de Investimentos), que é de 0,5% do PIB e não entra no cálculo do superávit primário.

"Não pode cair para 3,5%. Essa hipótese está descartada. É só fazer as contas. O tamanho do PPI, que é de 0,5 ponto. Então no máximo é 0,5 ponto e a arrecadação não compensar parte disso."