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Cultura
Domingo - 21 de Janeiro de 2007 às 10:48

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Saulo Vasconcelos é um ator que gosta de desafios, especialmente aqueles menores e inesperados. No papel principal de O Fantasma da Ópera, musical cuja apresentação segue um roteiro milimetricamente preparado, ele não se desespera quando algo inusitado acontece - ao contrário, sente-se até motivado. "Eu tanto já levei um tombo em cena por causa do gelo seco como minha máscara caiu no momento errado", conta Vasconcelos, que reagiu num estalo. "Tanto levantei rápido no primeiro caso como, no segundo, consegui agarrar a máscara no ar, para a surpresa da Kiara (Sasso), que contracenava comigo."

Tamanha agilidade é fruto de uma feliz combinação de talento e dedicação. Em um dos mais requisitados papéis da história do musical da Broadway, Saulo Vasconcelos atingiu um grau de sofisticação que será recompensado neste domingo: quando pisar o palco como o atormentado fantasma, o ator estará completando sua milésima apresentação no papel. E, de quebra, todo o elenco, músicos e técnicos vão comemorar também a 600ª apresentação da montagem brasileira de O Fantasma da Ópera. "Não tenho certeza, mas acho que será um recorde nacional", festeja.

De fato, a longevidade em um papel, comum nos musicais americanos, aos poucos vem se tornando uma possibilidade nas encenações brasileiras. E, aos 33 anos, Vasconcelos é o mais bem-sucedido ator nacional de musicais, por ter participado de outras grandes produções como Les Misérables e A Bela e a Fera. E, novamente, tal sucesso é fruto da combinação de esforço e oportunidade - depois de tentar várias profissões (trabalhou como bancário, vendeu e comprou videogames usados, além de ter cursado a faculdade de química e de economia), descobriu a força de sua voz ao participar do Coro Sinfônico Comunitário da Universidade de Brasília, onde estudava.

Participou de várias apresentações, fez testes para diversos musicais até o dia, ocorrido há oito anos, quando participou de uma seleção para o musical Rent. "Voltei desanimado para casa e no exato momento em que decidi terminar o curso de economia, o telefone tocou." Do outro lado da linha, uma voz mexicana o convidava para interpretar o papel principal de O Fantasma da Ópera em seu país. Era um dos membros da banca de seleção, que também procurava o protagonista para essa montagem.

Vasconcelos não teve nem tempo para lamentar a reprovação para Rent: três meses depois, mudou para a Cidade do México onde se tornou o mais jovem Fantasma da história, aos 25 anos. Lá, também, conheceu e se casou com a stage manager (algo como gerente de palco) Leslie Pierce.

Com a experiência, Vasconcelos credenciou-se naturalmente para ser o protagonista da montagem brasileira, conquistando outra a marca: a de segundo ator no mundo a interpretar o Fantasma em duas línguas (o primeiro foi Italo Freeman, que atuou nos EUA e na Alemanha).

Apesar do talento vocal, Vasconcelos, que é baritenor (cantor capaz de alcançar notas agudas e graves), é obrigado a manter uma rígida rotina de preparo físico para suportar as seis apresentações semanais. "Com apenas um quilo a mais, fico muito mais exausto depois de uma encenação", comenta o ator que, mesmo à frente de um dos maiores musicais, ainda espera por novos desafios.





Fonte: AE

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