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Cultura
Sexta - 19 de Janeiro de 2007 às 07:19
Por: Karem Moraes

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O compositor, jornalista e produtor musical Nelson Motta nos últimos tempos enveredou pela literatura. Lançou biografia, dois policiais e agora um romance: Ao Som do Mar e À Luz do Céu Profundo, festeja a Copacabana dos anos 60 e sua própria juventude, ao ritmo da bossa nova.

Mesmo afirmando que não é um saudosista, Nelson Motta diz ter saudade de Tim Maia e Vinícius de Moraes. "Mas não da minha juventude. Não queria viver nada de novo, vivi intensamente tudo, cada coisa na sua época. Tenho saudade de pessoas", afirma.

Sobre seu novo livro, Ao Som do Mar e À Luz do Céu Profundo, ele explica que faz uma homenagem a Nelson Rodrigues: "É do fundo do coração ao Nelson. No livro cito as crônicas de A Vida Como Ela É no jornal Última Hora. No mundo assexuado em que a gente vivia, esse imaginário dele de adultério, perversões, era um delírio".

Ao ser questionado sobre a cisma de Nelson Rodrigues com ele e Chico Buarque, Nelson faz questão de ressaltar que eles é que cismaram com Nelson primeiro. "Éramos jovens esquerdistas, havia uma radicalização e Nelson defendia o governo militar. Eu tinha uma coluna em jornal e sentava o pau, chamando-o de traidor. Eu me arrependo amargamente de tê-lo sacaneado. Ele sacaneava a mim e ao Chico, mas pegava leve, porque nos encontrávamos todo domingo no Maracanã, os três torcendo para o Flu. O resto da esquerda ele pulverizava, era sarcástico, cruel. Comigo e com o Chico, não. Eu amava o Nelson".

Sobre sua vida pessoal, Nelson Motta diz que já foi o tempo em que era namorador. "Sou uma galinha aposentada há muitos anos. Tô igual ao Tim Maia: só quero sossego", diverte-se acrescentando que de uns 20 anos pra cá é totalmente monogâmico e diurno: "Quem diria...Trabalho em casa, minha mulher só chega de noite, fico sozinho no computador com minha vista maravilhosa de frente para o mar de Ipanema. Não tenho nem carro, fico o dia inteiro de short, havaianas, camiseta rasgada".

Apesar da vida mudada, Nelson revela que só não conseguiu mudar um hábito: o de fumar. "Deixei várias vezes. Atualmente tô numa fase "fu", mas já tive boas fases "não fu". Mas tô na luta. Fumo, mas nado, caminho, faço ioga duas, três vezes por semana. É uma forma de compensar um pouco".

Amigo de Chico Buarque desde à adolescência, ele afirma que se fosse para ele escolher entre ser Nelson Motta ou Chico Buarque, preferiria ser Chico: "Mil vezes. É mais bonito, mais inteligente, mais talentoso, joga bola melhor... Eu tenho uma enorme admiração, uma grande amizade por ele".

Inspirado nesta nova fase literária, Nelson Motta diz que ainda produz algumas coisas em música, mas está sem cabeça. "Tô numa de escrever texto mesmo. É onde me sinto mais independente, mais livre. O computador aceita tudo, não precisa de Lei Rouanet, de elenco, de autorização de ninguém, nada".

O jornalista é fã assumido da cantora Maria Rita e analisa que se Elis Regina não tivesse morrido ela provavelmente não tivesse se tornado uma cantora. "Talvez fosse uma brilhante jornalista, crítica de música... Acho a Maria Rita uma cantora fabulosa, tão boa quanto a mãe. A voz é parecida, o que ela faz é um repertório que seria supostamente uma Elis hoje".




Fonte: CR Comunicação

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