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Palavras de Ruy Guerra na voz de Olívia Hime
Dos anos 80 para cá, Ruy Guerra ficou só cineasta, um dos principais do Brasil, apesar de moçambicano de nascimento. Mas ele é um letrista refinado e a cantora Olívia Hime se lembrou disso ao assistir Casa de Areia, em que ele aparece como ator. Desde então, decidiu gravar Palavras de Guerra, CD com 17 canções com letra dele para compositores como Edu Lobo, Chico Buarque, Carlos Lyra, Sérgio Ricardo e Francis Hime, que assina dez melodias. "Conheci Ruy antes de Francis e ele foi muito importante na minha formação", comenta Olívia. "Quando vi o filme, me deu vontade de que todo mundo conhecesse suas canções. A primeira idéia foi um disco só com músicas dele e do Francis, mas no decorrer da produção as outras foram se impondo."
É o caso de "Tatuagem", "Bárbara" e "Fortaleza", do musical Calabar, parceria de Guerra com Chico Buarque, censurado no dia da estréia, nos anos 70. As duas primeiras tocaram bastante, embora não tenham virado hits, como o "Fado Tropical", que não entrou no disco. "É maravilhoso e certamente estará no show do disco, mas não quis forçar para o lado de Calabar. Havia outras canções imprescindíveis", explica Olívia, que chamou sua xará Olívia Byington, para dividir "Bárbara", a primeira canção de amor explicitamente homossexual da música brasileira. "Ela tem a voz parecida com a minha. Já o dueto com a Nilze Carvalho em "Corpo Marinheiro" (parceria inédita, com Francis Hime) aconteceu pelo motivo contrário. Uma só mulher era pouco para o personagem descrito e chamei uma cantora com estilo e timbre totalmente diferentes do meu."
Contar histórias e personagens de Ruy Guerra foi a intenção de Olívia no disco, mas ela ressalta que sempre foi assim. "Nunca junto simplesmente canções num álbum. Preciso ter um fio condutor, um motivo para aquelas canções estarem naquele encadeamento. Foi assim no meu disco e show anteriores, "Canção Transparente". Era um disco autoral, mas no meio tinha de estar o "Trenzinho Caipira", do Villa-Lobos, que nos leva a um Brasil profundo", filosofa ela.
Da mesma forma, ela variou os acompanhamentos e arranjos de cada faixa, sempre a cargo de Francis Hime, seu marido e maestro, que canta "Último Retrato", uma de suas melodias. "Cada canção pedia um clima. Sugeri e ele, gentilmente, fez o que pedi."
Ruy Guerra, é claro, gostou da homenagem, mas não opinou em nada. "Pelo contrário, ele deixou claro que não desejava ter um songbook e que queria ouvir-me cantar as "Palavras de Guerra" do meu jeito. Ele só ouviu alguma coisa quando foi gravar o poema "Tigrana" e depois de tudo pronto", conta Olívia. "Também não foi minha intenção mostrar ao público que desconhecia sua obra como letrista, além do que ele escreveu para teatro ou cinema."
Algumas dessas canções são clássicos do período em que a bossa nova começou a se politizar além do sorriso, da flor e do amor. "Ele e Vinicius fizeram este elo entre as duas etapas da bossa nova, só que Vinicius continuou por muito tempo e Ruy deixou de fazer letras. Acho que ele preferiu se dedicar só ao cinema", arrisca Olívia.
São dessa lavra "Entrudo" (com Carlos Lyra) e "Esse Mundo É Meu" (com Sérgio Ricardo). Nesta última, e na faixa de abertura, "Jogo de Roda" (com Edu Lobo), dona Edith do Prato faz a abertura. Olívia descobriu ainda duas canções inéditas de Ruy Guerra, especialmente com Luiz Eça, mas não foi possível gravá-las. "A primeira não tinha muita relação com o disco, pois eu só escolhi o que eu tinha segurança de cantar bem. Da outra só achamos a partitura, mas o Ruy esqueceu a letra, só se lembra o título, "A Terra É Isso"", lamenta ela.
É o caso de "Tatuagem", "Bárbara" e "Fortaleza", do musical Calabar, parceria de Guerra com Chico Buarque, censurado no dia da estréia, nos anos 70. As duas primeiras tocaram bastante, embora não tenham virado hits, como o "Fado Tropical", que não entrou no disco. "É maravilhoso e certamente estará no show do disco, mas não quis forçar para o lado de Calabar. Havia outras canções imprescindíveis", explica Olívia, que chamou sua xará Olívia Byington, para dividir "Bárbara", a primeira canção de amor explicitamente homossexual da música brasileira. "Ela tem a voz parecida com a minha. Já o dueto com a Nilze Carvalho em "Corpo Marinheiro" (parceria inédita, com Francis Hime) aconteceu pelo motivo contrário. Uma só mulher era pouco para o personagem descrito e chamei uma cantora com estilo e timbre totalmente diferentes do meu."
Contar histórias e personagens de Ruy Guerra foi a intenção de Olívia no disco, mas ela ressalta que sempre foi assim. "Nunca junto simplesmente canções num álbum. Preciso ter um fio condutor, um motivo para aquelas canções estarem naquele encadeamento. Foi assim no meu disco e show anteriores, "Canção Transparente". Era um disco autoral, mas no meio tinha de estar o "Trenzinho Caipira", do Villa-Lobos, que nos leva a um Brasil profundo", filosofa ela.
Da mesma forma, ela variou os acompanhamentos e arranjos de cada faixa, sempre a cargo de Francis Hime, seu marido e maestro, que canta "Último Retrato", uma de suas melodias. "Cada canção pedia um clima. Sugeri e ele, gentilmente, fez o que pedi."
Ruy Guerra, é claro, gostou da homenagem, mas não opinou em nada. "Pelo contrário, ele deixou claro que não desejava ter um songbook e que queria ouvir-me cantar as "Palavras de Guerra" do meu jeito. Ele só ouviu alguma coisa quando foi gravar o poema "Tigrana" e depois de tudo pronto", conta Olívia. "Também não foi minha intenção mostrar ao público que desconhecia sua obra como letrista, além do que ele escreveu para teatro ou cinema."
Algumas dessas canções são clássicos do período em que a bossa nova começou a se politizar além do sorriso, da flor e do amor. "Ele e Vinicius fizeram este elo entre as duas etapas da bossa nova, só que Vinicius continuou por muito tempo e Ruy deixou de fazer letras. Acho que ele preferiu se dedicar só ao cinema", arrisca Olívia.
São dessa lavra "Entrudo" (com Carlos Lyra) e "Esse Mundo É Meu" (com Sérgio Ricardo). Nesta última, e na faixa de abertura, "Jogo de Roda" (com Edu Lobo), dona Edith do Prato faz a abertura. Olívia descobriu ainda duas canções inéditas de Ruy Guerra, especialmente com Luiz Eça, mas não foi possível gravá-las. "A primeira não tinha muita relação com o disco, pois eu só escolhi o que eu tinha segurança de cantar bem. Da outra só achamos a partitura, mas o Ruy esqueceu a letra, só se lembra o título, "A Terra É Isso"", lamenta ela.
Fonte:
AE
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/247744/visualizar/
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