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Cultura
Quarta - 10 de Janeiro de 2007 às 16:35

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A comunidade indígena Bóe-Bororo, de Tadarimana, foi uma das vencedoras do Prêmio Culturas Indígenas 2006 – Edição Ângelo Cretã. O evento é realizado anualmente pela Associação Guarani Tenonde Porã, de São Paulo, em parceria com o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural. Anualmente, o prêmio é destinado às iniciativas culturais dos povos indígenas ocorridas nos últimos cinco anos e consideradas relevantes para o fortalecimento de suas expressões culturais. O objetivo é o fortalecimento das expressões culturais e a identidade cultural dos povos indígenas, contribuindo para a continuidade de suas tradições.

Para a Edição Ângelo Cretã, foram agraciadas 80 iniciativas culturais das 170 etnias que vivem no Brasil. Quinhentos e quarenta e seis trabalhos concorreram ao prêmio. Na região Centro-Oeste, 20 comunidades foram contempladas, dentre elas os Bóe-Bororo, de Rondonópolis; Bakairi, de Paranatinga; Manoki, de Tangará da Serra; e Nambikwara e Pareci; de Sapezal. Os Bóe-Bororo, de Rondonópolis receberam a terceira melhor pontuação da região Centro-Oeste (25,5 pontos), ficando à frente inclusive de vários povos do Xingu que são considerados os cartões de visita do indianismo brasileiro para o exterior.

Dança de Bóe-Bororo A iniciativa cultural vencedora dos índios de Rondonópolis foi a Dança Bóe-Bororo – prática das danças rituais para apresentação durante as cerimônias e também aos não índios, na cidade ou mesmo na aldeia. O objetivo da iniciativa é estimular os jovens indígenas a praticar com orgulho as suas danças, e levar a cultura desta etnia para que outras pessoas as valorizem, elevando, assim, a sua auto-estima. Segundo o coordenador da Escola Indígena de Tadarimana, Felix Rondon Adugoenaw, "quando são aplaudidos pelos brancos, os jovens não ficam com vergonha da dança Bororo e ficam orgulhosos de participar dela”. Em 2006, a Dança Bóe-Bororo foi apresentada na Escola Estadual Araão Bezerra e em várias escolas municipais de Rondonópolis, sob a coordenação cultural de Raimundo Itogoga e Eduardo Kogue.

A participação do projeto no Prêmio Culturas Indígenas foi organizada pelo antropólogo e professor doutor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Paulo Augusto Mário Isaac e pela sua orientanda acadêmica Luzia Aparecida Gonçalves (UFMT). ´´Esta foi a primeira vez que participamos de um concurso nacional. Vencer é importante porque valoriza a cultura indígena e os próprios Bóe-Bororo. Além disso, coloca-os no cenário nacional e internacional, uma vez que o material será editado pelo Ministério da Cultura e distribuído para o mundo inteiro. É uma divulgação que pode abrir muitas portas para os nossos irmãos índios de Rondonópolis´´, afirma Paulo Isaac.

Premiação Os Bóe-Bororo receberão um prêmio de R$ 15 mil reais. A premiação será entregue em solenidade a ser realizada em Brasília. A data será definida brevemente pelo Ministério da Cultura.

Segundo o presidente da Associação Guarani Tenonde Porã, Dinarte Benites Guarani, as iniciativas vencedoras farão parte do Cadastro do Ministério da Cultura para fins de pesquisa, documentação e mapeamento da produção cultural indígena brasileira.

O representante dos Bóe-Bororo, de Rondonópolis, será convocado ainda neste mês para ir à Capital Federal receber o certificado e a premiação. De acordo com o regulamento, o dinheiro deverá ser aplicado na própria iniciativa cultural ou em outra que propicie resgate cultural. Segundo o cacique Moacir Coguiepa, há interesse da comunidade em utilizar esse recurso para ´´aperfeiçoar a apresentação da dança, ou seja, no replantio de palmeiras e árvores de onde são extraídos os materiais para pintura e, também, investir na recuperação da prática de produção de artesanato de cerâmica´´. ´´Muitas plantas estão escassas na área indígena de Tadarimana. Quanto à cerâmica, apenas uma mulher na aldeia central sabe fazer os potes conforme a cultura antiga´´, explica. O dinheiro, compelta ele, ´´servirá para desenvolvermos um projeto para ensinar outras pessoas a mexer com cerâmica, conforme as técnicas dos Bororos antigos´´.





Fonte: 24HorasNews

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