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Cultura
Terça - 09 de Janeiro de 2007 às 06:38
Por: Beatriz Coelho Silva

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A saída do ator Antônio Grassi da presidência da Fundação Nacional de Arte (Funarte) "ainda é assunto interno do Ministério da Cultura". As palavras são do ministro Gilberto Gil. Cauteloso, ele não confirmou nem desmentiu a decisão, lamentou que o assunto tenha vazado, mas confirmou que houve uma sondagem ao músico e professor José Miguel Wisnik para ocupar o cargo. "Ainda não conversamos porque ele está de férias", informou o ministro.

A Funarte é o órgão do governo que executa políticas públicas do MinC, especialmente nas áreas de pesquisa e produção. Os boatos sobre a saída de Grassi do cargo que ocupa desde 2003 começaram a circular no fim do ano e foram confirmados pelo secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, Alfredo Manevy. "Gil considera o trabalho de Grassi excelente, mas quer dar novo rumo ao setor."

As reações vieram de todos os lados. "Grassi ressuscitou a Funarte e injetou oxigênio nas artes cênicas", disse o ator Juca de Oliveira. "Não sou petista, mas reconheço a qualidade do trabalho de Grassi. Se ele sai para outra área tão relevante, será ótimo. Se sai do governo, é ruim porque estaremos recomeçando mais uma vez", afirma a atriz Cristiane Torloni. "Não votei no PT, mas aqui não importam partidos nem pessoas e sim as políticas. Não podemos perder um bom time."

A atriz Marília Pêra torce para que eles se entendam. "Sou uma atriz e só tenho a pretensão de fazer esse governo gostar de teatro: o Lula, dona Marisa e Gil. Gostaria que eles se entendessem, embora a escolha do Wisnik também seja ótima, nada há contra ele."

Paulo Betti, que é do PT, se empenhou por Grassi, mas lembra que a decisão é de Gil. "O ministério é dele. Ele escolhe o time." A atriz Renata Sorrah discorda. "Em mais de 30 anos de carreira, nunca vi uma gestão tão boa, para todos os setores. Votei no Lula, me empenhei para que o Gil ficasse no MinC, mas com toda a equipe", reclama. Giselle Tiso, mulher e produtora do maestro Wagner Tiso, concorda. "A mesma visibilidade que Gil deu ao MinC, Grassi deu à Funarte. Só a volta do Pixinguinha, que levou músicos de gêneros e estilos diversos a vários lugares do País, já evidencia a importância do trabalho dele", diz ela. "A atuação de Grassi corresponde aos propósitos do PT e de Lula na área cultural."

Segundo Grassi, aí pode estar a raiz da questão, pois o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais e ex-presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, já afirmou que o presidente Lula gostaria de "despetizar" o governo. "Deve ser coincidência que eu e o secretário de Articulação Institucional do MinC, Mário Meira, também do PT, estejamos para sair", comenta o ator. "Não tenho apego ao cargo, que sacrifica minha carreira de ator (ele está na novela Paixões Proibidas, da Rede Bandeirantes), mas gostaria de ver andar os projetos iniciados há quatro anos. Os editais de música, teatro, circo, dança e artes plásticas devem sair este mês. Em 2002, não tínhamos dinheiro para nada, agora há recursos para tudo, já no início do ano."

Embora troquem elogios, a relação entre Gil e Grassi tem arestas. Este nunca reivindicou a pasta da Cultura, mas a escolha de Gil em 2002 desagradou ao PT, que preferia alguém do partido. Quando José Dirceu era chefe da Casa Civil, houve uma reunião na casa da produtora Marisa Leão para influenciá-lo, mas quase todos os presentes, inclusive a dona da casa, eram neutros ou a favor de Gil e José Dirceu garantiu que ele era a trunfo de Lula para o setor. No fim do ano passado, quando Gil decidia se ficava, a comissão de cultura do PT emitiu um documento que, em resumo, pedia a sua permanência, mas caso ele saísse, o melhor nome para substituí-lo seria Grassi. Gil ficou e a permanência de Grassi no ministério é incerta.




Fonte: AE

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