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Meio Ambiente
Sexta - 05 de Janeiro de 2007 às 08:33

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Um grupo de cientistas de várias Universidades do Reino Unido afirmou ao Governo britânico que a proibição da criação de embriões híbridos de humanos e de animais impedirá avanços no tratamento de doenças até agora incuráveis.

A pesquisa consiste em transferir núcleos que contêm DNA de células humanas, por exemplo, da pele, para óvulos de vacas que tiveram quase toda a informação genética extraída previamente. Os embriões resultantes são mais de 99% humanos e contêm apenas um mínimo componente animal.

Os cientistas querem extrair células de embriões para analisar o potencial delas no tratamento de doenças degenerativas do homem como o mal de Parkinson ou o de Alzheimer.

No entanto, o Governo de Tony Blair publicou em dezembro um documento propondo a proibição desse tipo de experimento. O tema será tratado na próxima semana pela Agência para a Fecundação e a Embriologia Humanas. Cientistas da Segunda Universidade Médica de Xangai (China) teriam criado em 2003 o primeiro híbrido de ser humano e animal, batizado de quimera, por meio da fusão de células humanas com óvulos de coelha.

Chocados com a proposta do Governo, os cientistas britânicos se dirigiram ao Ministério da Saúde e à Agência para a Fecundação Humana para advertir que, se o projeto for transformado em lei, os pesquisadores serão privados de um poderoso instrumento de pesquisa médica.

O projeto em questão ainda não entrará em vigor por pelo menos um ano, mas ameaça frustrar os trabalhos de três grupos de pesquisadores que querem utilizar a técnica, sendo que dois deles já solicitaram autorização.

Segundo o professor Chris Shaw, do Kings College, em Londres, pesquisador das desordens do neurônio motor, esse tipo de experimento poderia beneficiar "milhares de pacientes britânicos que sofrem de condições neurológicas degenerativas".

"Bloquear essa via de pesquisa constitui uma autêntica afronta aos pacientes que buscam desesperadamente por uma cura. Nenhuma dessas doenças é curável atualmente", afirma Shaw, citado hoje pelo jornal The Times. Stephen Minger, diretor de outra equipe do Kings College que estuda as doenças de Parkinson, Alzheimer e a atrofia espinhal, acusou o Governo de "miopia" e disse não entender como chegou a essa decisão.

Ian Wilmut, da Universidade de Edimburgo, que esteve à frente da equipe que criou a ovelha clonada Dolly, classificou a proposta de "uma autêntica vergonha para os pacientes e a ciência britânica". "É uma área na qual o Reino Unido lidera as pesquisas e se a utilização de oócitos for proibida, estaremos em desvantagem", afirma Wilmut.

Outros cientistas que protestaram são a professora Anne McLaren, da Universidade de Cambridge, e o Dr. Lyle Armstrong, da Universidade de Newcastle, cuja equipe é uma das que solicitaram autorização para criar os híbridos. Segundo Armstrong, o número de óvulos que podem ser extraídos de fontes animais é "muito maior" que os de humanos.

Em qualquer matadouro do Reino Unido podem ser extraídos até 200 óvulos de vaca por dia, enquanto só é possível obter dois ou três óvulos humanos de boa qualidade em todo um mês, explica o especialista. A professora McLaren afirmou que não se trata de criar "quimeras", mas de inserir material humano em um óvulo animal "vazio" para criar um embrião humano e uma linhagem de células-tronco.

Enquanto isso, o porta-voz do Ministério da Saúde informou que as propostas foram publicadas após ampla consulta popular que indicou a existência de um grande apoio à criação de híbridos de animais e humanos para a pesquisa e acrescentou que o assunto será, de todo jeito, submetido a debate no Parlamento.





Fonte: EFE

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