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Ciência/Pesquisa
Quinta - 21 de Março de 2013 às 11:40

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Uma imagem divulgada nesta quinta-feira (21) pela Agência Espacial Europeia (ESA) mostra o mapa mais preciso já feito do início do Universo, com os primeiros vestígios de luz captados após o Big Bang – teoria dominante que explica a origem do Cosmos.

Nessa época, o Universo tinha "apenas" 380 mil anos de idade – hoje, calcula-se que tenha cerca de 13,7 bilhões de anos.

Mapa mostra primeiros vestígios de radiação do Universo (Foto:  ESA–Planck Collaboration/AFP)Mapa mostra primeiros vestígios de radiação identificados no Universo (Foto: ESA–Planck Collaboration/AFP)

A imagem acima se baseia em uma coleta de dados feita ao longo de 15 meses e meio pelo telescópio Planck da ESA, lançado em 2009 em busca da primeira luz emitida após o Big Bang.

Esse registro mais detalhado já criado da chamada "radiação cósmica de fundo em micro-ondas" é um dos mais fortes indícios da existência da "Grande Explosão" e carrega as "sementes" de todas as estrelas e galáxias conhecidas.

A temperatura na ocasião chegava a 3.000° C. Antes disso, o Universo era tão quente que nenhuma luz poderia sair dele. O telescópio capturou, então, o "fóssil" do primeiro fóton (partícula elementar da luz) que surgiu no Cosmos e viajou por mais de 13 bilhões de anos para chegar até nós. Essa radiação hoje é extremamente fria, com cerca de -273° C (próximo do zero absoluto), e invisível – mas pôde ser detectada pelas ondas de rádio do Planck.

Segundo os astrônomos, esses resquícios revelam a existência de traços que podem desafiar as bases da nossa atual compreensão do Universo e levar a um melhor entendimento da "receita cósmica" que o compõe.

"Ousamos olhar o Big Bang de perto, o que permitiu compreender a formação do Universo 20 vezes melhor que antes", disse à agência AFP o diretor geral da ESA, Jean-Jacques Dordain, ao apresentar os primeiros resultados do Planck em Paris.

Com exceção de algumas anomalias encontradas – com as quais, segundo Dordain, os teóricos devem trabalhar durante semanas –, os dados do Planck reforçam de maneira "espetacular" a hipótese de um modelo de Universo relativamente simples, plano e em expansão.

Na opinião do astrofísico George Efstathiou, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, o mapa parece uma bola de rúgbi danificada ou uma obra de arte moderna. "Mas posso garantir que alguns cientistas trocariam seus filhos por essa imagem", brincou.

Para ter precisão absoluta e eliminar todos os sinais de interferência emitidos pela Via Láctea e por outras galáxias, o telescópio Planck conta com um instrumento de alta frequência que deve ser resfriado a um décimo de grau acima do zero absoluto.

"Essa façanha tecnológica, feita em um ambiente sem gravidade e no vácuo, não tem equivalente, e nenhum equipamento espacial poderá ultrapassá-lo por um longo tempo", disse Dordain.






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