Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Quarta - 03 de Janeiro de 2007 às 14:29

    Imprimir


O registro de casos de leishmaniose visceral ou calazar em cães preocupa moradores do bairro Moradora do Ouro, em Cuiabá. Somente na região, de um total de 36 amostras de sangue coletadas no ano passado pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), 14 foram positivas no bairro. Em 2005, foram 241 amostras e 28 positivos.

Em toda a cidade, de um total de 1.653 coletas feitas em 2006, 162 (15,01%) deram positivas. Também foram diagnosticados quatro casos em humanos, sendo três na zona urbana e um com óbito na zona rural. Os números são menores do que os registrados no ano anterior, quando 2.359 coletas de sangue foram feitas, com 384 positivos para a doença, quase o dobro de 2006, mas sem nenhum caso em humanos.

O funcionário público Névio Benedito de Souza Neves, 42 anos, teve que eliminar um casal de pit bulls que apresentou a doença. Ele conta que teve os dois animais roubados, que foram recuperados meses depois e vacinados. No entanto, o macho começou apresentar sinais da doença. “O cachorro começou a emagrecer e levei para fazer exame na Unic. O resultado confirmou que era leishmaniose e tive que sacrificar o animal”, disse.

Logo em seguida, a fêmea também dava sinais que estava doente. Neves conta que nos dois casos chamou o CCZ para que fossem tomadas providências, inclusive, borrifação de veneno para controle do mosquito transmissor da doença, o flebotomíneo, também conhecido como mosquito palha ou cangalhinha.

No entanto, ele reclama que até ontem não tinha conhecimento do resultado da amostra de sangue coletada no animal pelo CCZ. “O exame foi feito há cerca de 35 dias e até agora o CCZ não entregou o resultado. Mandei fazer em outro laboratório, que confirmou a doença. Além dos meus dois cães tive conhecimento de outros animais que também foram sacrificados por causa da doença.

Para Neves, a borrifação na região se faz necessária para evitar casos em humanos. “É uma doença que pode ser transmitida para o homem. É uma questão de saúde pública e tem que ser feita alguma coisa”, cobrou.

De acordo com a coordenadora do CCZ, Moema Blatt, o CCZ trabalha segundo as normas do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS) para controle da doença. Entre os procedimentos adotados, quando há apenas casos caninos, é feita a investigação para detecção ou não do mosquito vetor e conscientização da comunidade sobre a doença e os cuidados para se prevenir e evitar a contaminação. “Na região do Morada do Ouro constatou-se um mosquito potencial transmissor, mas não principal”.

Moema garante que na região não há indicação para borrifação de inseticida, que só é feita quando são constatados casos humanos. “Quando há casos humanos identifica-se a fonte de infecção e faz-se a borrifação nos locais comprovados de infecção”.

Segundo ela, a principal forma de controle e eliminação do mosquito é o manejo ambiental, como por exemplo, evitar o acúmulo de lixo e entulhos e também a exposição ao mosquito colocando telas nas janelas. “Não adianta fazer extermínio pontual se não forem eliminados os criadouros”, afirmou.

Moema também comentou que não reside na eliminação dos animais que apresentam sinais o controle da doença, pois é comum animais infectados permanecerem assintomáticos. Ou seja, a doença no cão pode se apresentar com animais aparentemente saudáveis, até cães com doença em estágios avançados. Os sinais clínicos mais comuns da leishmaniose visceral canina são perda de pêlos, febre prolongada, emagrecimento e ulcerações em orelhas e focinho.

A leishmaniose é uma doença infecciosa que afeta vários animais, além do homem. É causada por um protozoário do gênero Leishmania e transmitida pelo mosquito flebotomíneo. Além do cão, há outros reservatórios importantes como o rato e gambás.





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/250881/visualizar/