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Internacional
Sábado - 30 de Dezembro de 2006 às 23:12

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O Governo regional do País Basco "não quer e não pode" dar por "interrompido" o processo de paz, apesar do atentado de hoje, realizado pela organização terrorista ETA com um carro-bomba no aeroporto de Barajas, em Madri.

A afirmação é do porta-voz do Governo basco, Miren Azkarate. Em pronunciamento à imprensa, ele condenou a ação terrorista, e destacou que "introduz a desesperança" nos cidadãos bascos, nove meses após a ETA declarar um cessar-fogo permanente.

O Governo espanhol considerou interrompido o cessar-fogo anunciado pela ETA em 22 de março por causa do atentado, que deixou uma pessoa desaparecida e vários feridos.

Azkarate leu um breve comunicado para fazer a primeira avaliação do atentado, e não respondeu às perguntas dos jornalistas. O porta-voz do Governo basco afirmou que "de uma coisa não há dúvida: se há bombas, não há trégua, e se há trégua, não pode haver bombas".

Azkarate disse que, uma vez analisados os dados, o "lehendakari" (presidente regional basco), Juan José Ibarretxe, reunirá nos próximos dias o Conselho Político de seu Executivo para "pôr em cima da mesa" as medidas a serem tomadas.

Azkarate destacou que "alguém em nome da ETA" voltou a "introduzir no coração dos cidadãos desesperança, frustração e medo" com este atentado. O porta-voz do Governo basco acusou os autores do ataque de dar "as costas ao povo basco", ao "decidir que os problemas devem ser resolvidos por meio de guerra".

"O conjunto da sociedade e o Governo condenam, desaprovam e repudiam esta ação do ETA, e estão profundamente preocupados com o cidadão que ainda está desaparecido", acrescentou Azkarate.

Ele também destacou a "surpresa" causada pelo atentado, "sem que o ETA tenha anunciado previamente a interrupção e a ruptura do cessar-fogo permanente", como fez nas tréguas de 1989 e 1998. O porta-voz do Governo basco pediu que a sociedade basca se mantenha "serena e tranqüila".

"Achamos que interpretamos corretamente o sentimento da população ao afirmar que não desejamos voltar a um passado de violência, ameaças, extorsão e morte", acrescentou.

O Batasuna, braço político ilegal da ETA, afirmou hoje que também não considera interrompido o processo de paz no País Basco.

Em pronunciamento à imprensa em San Sebastián (País Basco), o porta-voz do grupo, Arnaldo Otegi, expressou sua solidariedade com as pessoas atingidas pelo atentado, e ressaltou que "o processo de solução do conflito político basco não foi interrompido".

"Do nosso ponto de vista, o processo não foi interrompido e queremos dizer mais: não só não foi interrompido, mas é mais necessário do que nunca, porque esse é o processo que a maioria da população de Euskal Herria (povo basco) e a sociedade espanhola desejam", disse.

"Essa é a única alternativa razoável, democrática e eficaz para que o cenário mude definitivamente em nosso país", acrescentou.

As atividades do Batasuna estão suspensas desde março de 2003, quando a Suprema Corte considerou que o grupo tinha uma "identidade substancial" com a ETA, e era produto de "uma estratégia de desdobramento da ETA", de quem recebia ordens.

A vida política do Batasuna esteve desde então na semi-ilegalidade. O grupo não pôde concorrer às eleições regionais, nacionais e européias, mas sua participação foi fundamental no processo que levou ao último cessar-fogo.

Até o momento, o Batasuna nunca condenou uma ação terrorista do ETA. Isso se repetiu hoje no pronunciamento à imprensa de Otegi, quando o grupo disse estar confiante de que o jovem equatoriano que desapareceu após a explosão seria encontrado com vida.

Apesar do ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba, ter dado por interrompido o cessar-fogo anunciado pela ETA em 22 de março, e que começou a vigorar dois dias depois.

"O que dever ser feito nos próximos dias é retomar e estabilizar o processo", afirmou Otegi.

O porta-voz de Batasuna se referiu à ação terrorista como um "fato", e acrescentou que "o ocorrido em Madri, caso seja confirmada a autoria da ETA, não levará à situação verificada antes de 24 de março.

"Não estamos no dia 23 de março", afirmou.

Otegi lembrou também que a esquerda independentista basca já havia alertado nas últimas semanas que "o processo estava mal e tinha grandes problemas", e responsabilizou o Governo do socialista José Luis Rodríguez Zapatero pela situação.

"Nove meses após um cessar-fogo permanente, a situação estava travada, pois não houve nem um só gesto por parte do Governo espanhol", afirmou Otegi.





Fonte: EFE

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