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Politica Brasil
Sábado - 30 de Dezembro de 2006 às 14:59

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciará seu segundo mandato com promessas pendentes e reformas constitucionais polêmicas. Em um tipo comum de repetição histórica, os principais desafios do petista fizeram parte das prioridades de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, que não conseguiu vencê-las.

A agenda de reformas defendida nas urnas pelo atual governo inclui, como em 2002, a tributária e a política. Elas também constituíam a espinha dorsal do conjunto de propostas na gestão tucana. O lado governista reconhece as semelhanças, mas descarta o mesmo destino. "Essas duas questões emblemáticas, a reforma política e a reforma tributária, não têm jeito de não encararmos", garantiu a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

"No caso da tributária, há uma nova correlação de forças nos governos estaduais que nos dá melhores condições. O PFL não tem mais governadores influentes e os dois governadores do PSDB, dos dois principais Estados do país (Minas Gerais e São Paulo) estão desunidos por conta da briga presidencial (em 2010)", completou a senadora petista, apostando que, em relação à reforma política, "a indignação da população com os recentes episódios irá impor sua votação".

Reforma tributária Fernando Henrique, que inaugurou sua segunda gestão sob o signo da forte crise econômica internacional, não conseguiu aprovar um pacote tributário nem as mudanças prometidas na legislação eleitoral e partidária. Já Lula governa sob uma certa tranquilidade econômica mundial, mas sofre críticas de apresentar a reforma política como uma prioridade retórica. De oito anos para cá, não se chegou a um consenso sobre o conteúdo da proposta. Os interesses são os mesmos e as figuras que arbitram sobre o tema, também. A dificuldade foi e continua sendo a tarefa de convencer os parlamentares a alterar as regras do jogo que eles próprios protagonizam há décadas.

Alianças Os dois adversários, Lula e FHC, vivem coincidências também no plano político. Hoje, o petista aposta suas fichas no que chama de coalizão partidária para garantir governabilidade no Congresso. Ele sofreu nos últimos anos com as traições, escândalos e dificuldades de apoio em sua própria base de sustentação. Calejado, agora tenta uma nova matriz de relacionamento com aliados.

O problema são as disputas nos partidos por espaço e poder. O PMDB, estratégico nesse objetivo, vive uma briga não declarada pelo comando da legenda e pela preferência na interlocução com o Planalto. Oito anos atrás, Fernando Henrique também tinha suas apostas, mas viu a aliança entre os dois principais partidos de sustentação, PFL e PSDB, esfacelar-se em razão das disputas.

"O Lula verá que o segundo mandato demora a passar. Os dias são longos, as noites são intermináveis. Eles vão ver o que é segundo mandato. A diferença é que tínhamos objetivos, estávamos motivados a concluir as reformas do primeiro mandato", disse o senador Heráclito Fortes (PFL-PI), líder do governo FHC durante parte do segundo mandato.

Como fez Fernando Henrique Cardoso, Lula usará seu capital eleitoral para promover as reformas que deseja. FHC teve a dificuldade da crise econômica e não conseguiu aproveitar esse ativo. Para manter essa condição, o petista terá de conduzir a seu favor o processo de sucessão das presidências da Câmara e do Senado, vitais à governabilidade. Se for bem sucedido, Lula poderá afastar as maldições da repetição histórica e provar que, ao menos na política, não há muito espaço para reprises.





Fonte: Reuters

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