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Economia
Sexta - 22 de Dezembro de 2006 às 08:58

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Apesar do aumento real conquistado, o novo salário mínimo de R$ 380 ainda está longe de recuperar seu poder de compra. Com os R$ 30 a mais incorporados em seu valor a partir de abril de 2007, o mínimo equivalerá a 39,5% do que valia em 1940, ano em que foi instituído pelo governo Vargas.

Cálculo feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) mostra que, na média daquele ano, o salário mínimo correspondia a R$ 915,13 --o valor foi atualizado para novembro deste ano.

"Falta muito para recuperar seu poder de compra, mas o aumento real conquistado na negociação de terça-feira com as centrais sindicais é significativo. O salário de R$ 380 é o maior valor em termos reais [descontando a inflação pelo ICV do Dieese] do mínimo nos últimos 20 anos", diz Fausto Augusto Jr., técnico do Dieese.

O salário mínimo necessário para manter uma família de quatro pessoas, de acordo com o Dieese, seria de R$ 1.613,08.

O novo valor de R$ 380 terá um poder de compra equivalente a 2,05 cestas básicas --considerado até abril de 2007 o valor da cesta calculado na capital paulista mês passado, de R$ 185,29. "Desde 1971, esse é o melhor resultado do mínimo ao se medir seu poder de compra com referência na cesta básica", diz o técnico.

No primeiro ano do governo FHC, em 1995, um salário mínimo comprava 1,02 cesta básica. Em 2002, último ano do segundo mandato do tucano, comprava 1,42 cesta básica.

O Dieese calculou, a pedido da Folha, o aumento real do mínimo nos três últimos governos, considerada a inflação medida pelo ICV (Índice do Custo de Vida).

Entre 1994 e 1998, o ganho real do mínimo foi de 7%. No período de 1999 a 2002, o aumento chegou a 6%. De janeiro de 2003 a 2006, a 46%.

"O salário mínimo tem recuperado seu poder de compra desde 1996. Um ano antes, chegou ao seu valor mais baixo em termos reais, R$ 229", disse o técnico da entidade.

O maior valor do mínimo, desde os anos 1940, foi alcançado em 1957 --R$ 1.145,10 (para valores do mês passado)--, quando chegou a ser maior em termos reais do que quando foi instituído. "A partir da década de 60, o salário mínimo sofreu uma política de arrocho. Seu poder de compra despencou nos anos 1980 com a subida da inflação. Não havia uma reposição integral das perdas."

Beneficiados

Na estimativa do Dieese, 43,7 milhões de pessoas serão beneficiadas diretamente pelo reajuste do mínimo. Desse total, 16,4 milhões são beneficiários do INSS, 13 milhões são empregados e 9,2 milhões trabalhadores por conta própria. Outros 4,9 milhões são empregados domésticos, e 256,7 mil, empregadores.

"O reajuste do mínimo também tem impacto nas categorias que o utilizam como referência para reajustar os pisos salariais", disse o técnico do Dieese. Na estimativa da entidade, dos 429 pisos de categorias analisados durante este ano, pelo menos 143 (ou 33% do total) deverão ser corrigidos para valores equivalentes a R$ 380, uma vez que estão em patamar inferior a esse valor.





Fonte: Olhar Direto

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