Crise compromete o segundo mandato de Lula

O presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva deve começar seu segundo mandato em meio a duas graves crises, que podem desde o início comprometer sua administração e frear o crescimento econômico do Brasil. O prognóstico é do jornal inglês Financial Times, que traz uma breve análise sobre o futuro próximo do país em matéria publicada na sua edição desta segunda-feira.

O primeiro fator apontado pelo diário é a crise do setor aéreo, desencadeada pelo acidente com o vôo 1907 da Gol, que matou 154 pessoas no Mato Grosso em setembro. Segundo o jornal "dois meses de caos nos aeroportos do país, culminando com um ‘quase apagão’ no controle de tráfego aéreo na semana passada, alertam para a necessidade urgente de mais investimentos em infra-estrutura".

O FT traz ainda uma declaração do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), em que ele afirma que "o apagão aéreo mostra que a infra-estrutura do país não está pronta para abranger o crescimento econômico prometido por Lula". Gabeira se referiu à promessa do presidente de fazer a economia brasileira crescer 5% ao ano em seu segundo mandato.

Divisão – A outra crise apontada pelo periódico inglês é a dificuldade que Lula vai encontrar para montar uma coalizão política que trabalhe a seu favor e desenvolva seus projetos. Para o FT, a derrota sofrida pelo PT na eleição do novo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) na semana passada – que deu o cargo ao pefelista Aroldo Cedraz, da Bahia – "mostra que o desafio de construir uma aliança entre seus parceiros de coalizão pode ser difícil de ser superada, a exemplo do que ocorreu em seu primeiro mandato".

De acordo com o diário, esta é uma crise "menos assustadora imediatamente, mas com potencial de gerar conseqüências mais sérias" para o segundo período de Lula. A matéria conclui que, "como na crise da aviação, esta é mais uma evidência do fracasso das instituições do Brasil".