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Internacional
Quarta - 06 de Dezembro de 2006 às 08:29

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Buenos Aires - O governo da Argentina ameaçou ontem prender os pecuaristas que fizerem piquetes nas estradas para impedir a passagem de gado e outros produtos para os mercados de Buenos Aires e do interior do país. O anúncio foi feito pelo ministro do Interior, Aníbal Fernández.

Essa decisão elevou a tensão entre o presidente Néstor Kirchner e as associações ruralistas, que fazem a maior paralisação do setor desde 1985. Mais de 80% dos produtores agropecuários deixaram, desde o início da greve, no domingo, de enviar carne, legumes e cereais para os mercados.

Eles protestam contra a política do governo para o setor, que inclui congelamento de preços, estabelecimento de uma lista de referência (que determina a redução de preços de vários alimentos), além de restrições para exportações de carne e derivados.

O governo deixou claro que não cederá às exigências dos ruralistas. "O governo será implacável", disse o ministro do Interior. A ministra da Economia, Felisa Miceli, afirmou que não permitirá que o preço dos alimentos suba, especialmente o da carne, elemento fundamental na mesa dos argentinos.

O chefe do gabinete de Ministros, Alberto Fernández, disse que "os fazendeiros nunca ganharam tanto dinheiro e nunca expressaram tanto desprezo pelos argentinos como agora". Entre os produtores, cresce a idéia de estender a greve, programada para durar nove dias, por tempo indeterminado.

Contra-ataque

Ontem, pelo segundo dia consecutivo, o governo enviou gado das Forças Armadas para abastecer os mercados. O Exército e a Marinha têm 50 mil cabeças para seu consumo, que estão, desde o fim de semana, à disposição do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno.

O governo também pretende convocar um boicote nacional ao consumo de carne. Para isso, reuniu-se ontem com associações de defesa dos consumidores para convencê-las a lançar o boicote. Se for adiante, será o segundo boicote convocado por Kirchner em menos de um ano contra o consumo de carne.

O governo ainda ameaça aplicar a Lei do Abastecimento, criada em 1974 pelo então presidente Juan Domingo Perón para impedir o desabastecimento. A lei, parcialmente revogada nos anos 90 pelo presidente Carlos Menem, foi reativada por Kirchner em outubro para usá-la na cruzada antiinflacionária. A lei prevê pesadas multas, fechamento de empresas e a prisão dos empresários "agiotas e especuladores".

Inflação

Kirchner está obcecado em conseguir uma inflação de um dígito neste ano. Seria um trunfo para a sua reeleição. Para isso, está recorrendo ao congelamento, que sonha perpetuar, pelo menos até depois das eleições de outubro de 1007. Ontem, o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) anunciou que a inflação de novembro foi de 0,7%. Esse resultado, afirmam os analistas, só foi conseguido graças às duras pressões para manter o congelamento de preços.





Fonte: Agência de Notícias

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