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Politica Brasil
Terça - 21 de Novembro de 2006 às 14:02

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Integrantes da CPI dos Sanguessugas apontaram contradições no depoimento dado nesta terça-feira (21) por Valdebran Padilha, acusado de envolvimento na compra do dossiê contra políticos do PSDB. À CPI, Valdebran negou qualquer envolvimento com a negociação sobre o dossiê e jogou a responsabilidade para Gedimar Passos e Expedito Veloso, também acusados de participar da operação de aquisição dos documentos.

Valdebran disse que,a pedido de Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia, apenas acompanhou o pagamento que Gedimar e Expedito fariam pelo dossiê. "Foi um acompanhamento para saber se as pessoas iriam pagar ou não. Nada além disso. Apenas atendi a um pedido de um amigo (Vedoin) que tenho há dez anos", disse.

Os parlamentares, no entanto, questionaram algumas contradições: à Polícia Federal, Valdebran afirmou que conhecia Vedoin há seis e não há dez anos, além de não ter contado aos policiais sobre essa "amizade" que teria com Vedoin. "Qual versão que vale? Caiu sua versão", disse o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).

Pressionado, Valdebran minimizou sua relação com Vedoin. "Não caiu nenhuma versão. Eu o conheço há mais de seis anos, isso é irrelevante. Esse negócio de amizade é subjetivo. Temos conhecimento (um do outro), mas não freqüento sua casa", disse.

Outra contradição apontada pelos parlamentares diz respeito ao depoimento de Vedoin à PF. O chefe da máfia dos sanguessugas disse à polícia que foi Valdebran quem o procurou atrás dos documentos contra os tucanos. E não o contrário, como afirmou Valdebran à CPI.

Missão de acompanhar

Valdebran foi preso no Hotel Ibis, em São Paulo, no dia 14 de setembro com parte do dinheiro (R$ 1,7 milhão) que seria usado para comprar o dossiê. À CPI, no entanto, ele afirmou que jamais participou da negociação do conteúdo e do valor dos documentos. "Em nenhum momento intervi na negociação financeira ou na forma que utilizariam as informações (do dossiê)", disse.

Expulso no último fim de semana pelo PT do Mato Grosso, Valdebran contou que participou de quatro reuniões com Gedimar e Expedito sobre o dossiê, sendo que, em duas, participaram os Vedoin. Na última, segundo Valdebran, foi acertado o valor pelo dossiê: R$ 2 milhões. Na versão de Valdebran, caberia a ele garantir aos Vedoin que Gedimar e Expedito estavam com o dinheiro em São Paulo. Valdebran disse não ter certeza, mas que acredita que, dos R$ 2 mi, metade seria pela entrevista dos Vedoin à revista "IstoÉ" e o restante pelos documenbtos.

Ele negou ainda qualquer ligação com o diretório nacional do PT, onde trabalhava Gedimar, que fazia parte da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Valdebran confirma que conversou por telefone com Gedimar algumas vezes, mas disse que não sabia da relação dele com o PT nacional. "Nunca liguei ao comitê de campanha", afirmou.

Lorenzetti, Freud e Lacerda

Valdebran contou à CPI que conversou apenas uma vez por telefone com uma pessoa de nome "Jorge", a pedido de Gedimar, mas disse que não pode afirmar que seria Jorge Lorenzetti, acusado pela PF de ser o "mentor" da compra do dossiê. Segundo Valdebran, nessa conversa, "Jorge" teria dito a ele que a negociação estava concluída. O que, para o deputado Gabeira, revela que Lorenzetti sabia da origem do dinheiro usado para comprar os documentos.

Valdebran afirmou também desconhecer a ligação de Freud Godoy, ex-assessor de Lula, com o dossiê. Freud chegou a ser citado por Gedimar em depoimento à PF. "Fiquei sabendo pela imprensa (sobre Freud). Em momento algum ouvi o nome dele", disse Valdebran.

Sobre Hamilton Lacerda, ex-assessor do PT paulista, Valdebran disse que a mala usada por ele durante visita ao Hotel Ibis no dia do pagamento do dossiê se parece com a que a PF diz que foi utilizada para levar parte do dinheiro sobre os documentos. Para parlamentares, isso aumenta a suspeita do envolvimento de Lacerda com esses valores.

Depoimentos

Ainda nesta terça, a CPI pretende ouvir Gedimar. Outro depoimento marcado para esta terça é o de Lorenzetti. A CPI aprovou nesta terça a convocação de Lacerda e do empresário Abel Pereira. Pereira é apontado como ponte do esquema com o PSDB para a compra de ambulâncias superfaturadas com emenda parlamentar no governo de Fernando Henrique Cardoso. Os depoimentos estão marcados para a próxima quinta-feira (23). Não havia quórum para aprovar as convocações, mas os parlamentares entraram num consenso para votá-las simbolicamente.





Fonte: G1

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