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Cinema por uma igualdade racial
O Dia Nacional da Consciência Negra será lembrado através de produções que abordam questões raciais na 1º Mostra de Cinema por Igualdade Étnico Racial de Mato Grosso. O evento será aberto nesta terça-feira (21), às 19 horas, no Multiplex Pantanal, com a apresentação do longa-metragem Filhas do Vento (2004). Na oportunidade, o diretor do filme e curador da mostra, Joel Zito Araújo, participa de um bate-papo com o público, que poderá ainda conferir uma apresentação do grupo Ayoluwá. O mesmo acontece com Paulo Betti, que comparecerá no dia 23, quando será exibido seu filme Cafundó.
Até o dia 26 de novembro, o público poderá assistir a uma série de produções brasileiras, norte-americanas e, de forma inédita, as africanas. É, portanto, uma ótima oportunidade para conhecer o trabalhos oriundos daquele continente, geralmente alijados do sistema comercial de distribuição. De lá, vem os filmes: Abouna (Chade/2002), de Mahamat Saleh Haroun; Nha Fala (Guiné Bissau/2002), de Flora Gomes; Madame Brouette (Senegal/2002), de Moussa Sene Absa; e Eu e Meu Branco (Burkina Fasso/2003), de Pierre Yameogo.
Entre as obras norte-americanas estão produções de dois bem conhecidos diretores. Um deles é John Singleton, que apesar de ter no currículo filmes menos interessantes como Shaft e Quatro Irmãos (Four Brothers), ganhou projeção mesmo por exemplares como Os Donos da Rua (Boyz"n" the Hood) e Baby Boy, este último integrante da mostra. O outro é uma espécie de inspirador de Singleton: Spike Lee. O cineasta que inaugurou uma nova forma de retratar o negro norte-americano, denunciando sua condição e o preconceito sofrido com filmes como Faça a Coisa Certa (Do the Right Thing), comparece com A Hora do Show (Bamboozled), onde coloca em discussão o tratamento dado aos negros pela mídia.
A lista dos brasileiros é a maior. São doze ao todo, entre longas e curtas, ficcionais ou documentais. Entre os documentários, estão trabalhos como Atlântico Negro - Na Rota dos Orixás (1998), de Renato Barbieri; Família Alcântara (2001), de Daniel Solá Santiago e Lilian Solá Santiago; A Negação do Brasil (2005), de Joel Zito Araújo; e Uma Onda no Ar (2002), de Helvécio Ratton. As ficções são Filhas do Vento (2004), de Joel Zito; Cafundó (2005), de Paulo Betti e Clóvis Bueno; e Cruz e Souza (2000), de Sylvio Back. Haverá ainda uma sessão especial, no dia 26, só com os curtas Samba no Trem (Zózimo Bulbul), O Rito de Ismael Ivo e o Moleque (Ari Cândido), Narciso Rap (Jefferson De) e Vista Minha Pele (Joel Zito).
Redenção - A abertura oficial será feita com a apresentação de Filhas do Vento, que traz no elenco os veteranos Zózimo Bulbul, Milton Gonçalves e Ruth de Souza, e talentos jovens como Taís Araújo. O trabalho é uma trama de redenção envolvendo quatro mulheres negras que desenterram seus passados para tentar restabelecer o amor maternal e fraternal, sem barreiras de raça e credo. Nele, o diretor Joel Zito não se restringe a simplesmente contar uma bela história, colocando-a num contexto de discussão sobre a questão do preconceito racial no país.
Apontado como um dos melhores filmes brasileiros dos últimos tempos, Filhas do Vento segue ganhando prêmios e projeção, inclusive internacional. A première mundial foi no MOMA de New York, onde arrancou muitos elogios. No 32º Festival de Gramado levou nada menos que oito prêmios. Além disso, faturou também o prêmio de Melhor Filme pelo júri popular na 8ª Mostra de Tiradentes, entre outros.
Contra a discriminação - O proponente da 1ª Mostra de Cinema Por Igualdade Étnico Racial de Mato Grosso, Uglay de Souza Almeida, conta que teve a idéia de realizá-la no período em que respondia pela Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Diretoria de Políticas Especiais da Vice-prefeitura de Cuiabá, a partir de um diálogo com a vice-prefeita Jacy Proença. O intuito, lembra ele, era de dar visibilidade à imagem do negro na mídia. "Foi mais por conta de perceber a ausência do negro na mídia em geral. Quando aparecia, era de forma estereotipada, negativa", explica. Segundo ele, também objetivava colaborar com os professores em função da aplicação da lei 10.639/03, que trata da obrigatoriedade do ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira nas escolas.
O projeto começou a tomar corpo realmente quando Uglay entrou em contato com Joel Zito, que estava na cidade para o lançamento do projeto Cinema Circulante (Amav). O proponente lembra que o cineasta achou muito interessante e aceitou de pronto fazer a curadoria. Para Uglay não poderia ter sido melhor, por tudo que Joel Zito representa, como diretor renomado, negro e por procurar tratar em suas obras de questões sociais importantes. "Hoje ele é uma referência para nós", frisa.
A mostra está integrando a Agenda Única, criada em função do Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), conta com a participação de 34 entidades e é coordenada pela Vice-prefeitura e sua Diretoria de Políticas Especiais. Foi viabilizada com recursos do Fundo Estadual de Cultura e tem ainda a co-participação do Museu da Imagem do Som de Cuiabá (Misc) na realização.
Serviço - As exibições estão divididas entre o Misc e a sala 1 do Multiplex Pantanal. Informações 3025-4109.
Até o dia 26 de novembro, o público poderá assistir a uma série de produções brasileiras, norte-americanas e, de forma inédita, as africanas. É, portanto, uma ótima oportunidade para conhecer o trabalhos oriundos daquele continente, geralmente alijados do sistema comercial de distribuição. De lá, vem os filmes: Abouna (Chade/2002), de Mahamat Saleh Haroun; Nha Fala (Guiné Bissau/2002), de Flora Gomes; Madame Brouette (Senegal/2002), de Moussa Sene Absa; e Eu e Meu Branco (Burkina Fasso/2003), de Pierre Yameogo.
Entre as obras norte-americanas estão produções de dois bem conhecidos diretores. Um deles é John Singleton, que apesar de ter no currículo filmes menos interessantes como Shaft e Quatro Irmãos (Four Brothers), ganhou projeção mesmo por exemplares como Os Donos da Rua (Boyz"n" the Hood) e Baby Boy, este último integrante da mostra. O outro é uma espécie de inspirador de Singleton: Spike Lee. O cineasta que inaugurou uma nova forma de retratar o negro norte-americano, denunciando sua condição e o preconceito sofrido com filmes como Faça a Coisa Certa (Do the Right Thing), comparece com A Hora do Show (Bamboozled), onde coloca em discussão o tratamento dado aos negros pela mídia.
A lista dos brasileiros é a maior. São doze ao todo, entre longas e curtas, ficcionais ou documentais. Entre os documentários, estão trabalhos como Atlântico Negro - Na Rota dos Orixás (1998), de Renato Barbieri; Família Alcântara (2001), de Daniel Solá Santiago e Lilian Solá Santiago; A Negação do Brasil (2005), de Joel Zito Araújo; e Uma Onda no Ar (2002), de Helvécio Ratton. As ficções são Filhas do Vento (2004), de Joel Zito; Cafundó (2005), de Paulo Betti e Clóvis Bueno; e Cruz e Souza (2000), de Sylvio Back. Haverá ainda uma sessão especial, no dia 26, só com os curtas Samba no Trem (Zózimo Bulbul), O Rito de Ismael Ivo e o Moleque (Ari Cândido), Narciso Rap (Jefferson De) e Vista Minha Pele (Joel Zito).
Redenção - A abertura oficial será feita com a apresentação de Filhas do Vento, que traz no elenco os veteranos Zózimo Bulbul, Milton Gonçalves e Ruth de Souza, e talentos jovens como Taís Araújo. O trabalho é uma trama de redenção envolvendo quatro mulheres negras que desenterram seus passados para tentar restabelecer o amor maternal e fraternal, sem barreiras de raça e credo. Nele, o diretor Joel Zito não se restringe a simplesmente contar uma bela história, colocando-a num contexto de discussão sobre a questão do preconceito racial no país.
Apontado como um dos melhores filmes brasileiros dos últimos tempos, Filhas do Vento segue ganhando prêmios e projeção, inclusive internacional. A première mundial foi no MOMA de New York, onde arrancou muitos elogios. No 32º Festival de Gramado levou nada menos que oito prêmios. Além disso, faturou também o prêmio de Melhor Filme pelo júri popular na 8ª Mostra de Tiradentes, entre outros.
Contra a discriminação - O proponente da 1ª Mostra de Cinema Por Igualdade Étnico Racial de Mato Grosso, Uglay de Souza Almeida, conta que teve a idéia de realizá-la no período em que respondia pela Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Diretoria de Políticas Especiais da Vice-prefeitura de Cuiabá, a partir de um diálogo com a vice-prefeita Jacy Proença. O intuito, lembra ele, era de dar visibilidade à imagem do negro na mídia. "Foi mais por conta de perceber a ausência do negro na mídia em geral. Quando aparecia, era de forma estereotipada, negativa", explica. Segundo ele, também objetivava colaborar com os professores em função da aplicação da lei 10.639/03, que trata da obrigatoriedade do ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira nas escolas.
O projeto começou a tomar corpo realmente quando Uglay entrou em contato com Joel Zito, que estava na cidade para o lançamento do projeto Cinema Circulante (Amav). O proponente lembra que o cineasta achou muito interessante e aceitou de pronto fazer a curadoria. Para Uglay não poderia ter sido melhor, por tudo que Joel Zito representa, como diretor renomado, negro e por procurar tratar em suas obras de questões sociais importantes. "Hoje ele é uma referência para nós", frisa.
A mostra está integrando a Agenda Única, criada em função do Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), conta com a participação de 34 entidades e é coordenada pela Vice-prefeitura e sua Diretoria de Políticas Especiais. Foi viabilizada com recursos do Fundo Estadual de Cultura e tem ainda a co-participação do Museu da Imagem do Som de Cuiabá (Misc) na realização.
Serviço - As exibições estão divididas entre o Misc e a sala 1 do Multiplex Pantanal. Informações 3025-4109.
Fonte:
A Gazeta
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/259765/visualizar/
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