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Politica Brasil
Sábado - 18 de Novembro de 2006 às 16:32

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A decisão do governo boliviano de expulsar fazendeiros brasileiros que ocupam terras supostamente de forma ilegal é vista pelo líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), como mais uma posição de submissão do Brasil ao país vizinho. Maia avaliou que o viés ideológico na relação com a Bolívia levou o governo brasileiro a adotar uma atitude passiva, que está prejudicando a imagem do País internacionalmente. O senador citou a ocupação militar da refinaria da Petrobras naquele país e, agora, o anúncio do vice-ministro de Terras, Alejandro Almaraz, de que o governo vai desalojar entre 30 e 40 fazendeiros brasileiros no território boliviano, não descartando o uso do Exército, caso seja necessário.

"A postura de submissão do Brasil diante da truculência boliviana, diminuiu a estatura do Brasil no contexto internacional", afirmou Agripino. "Assim como o Brasil teve a refinaria invadida, o país terá os seus patrícios expulsos", continuou. O líder pefelista ressaltou que o anúncio do governo boliviano foi feito após o segundo turno da eleição brasileira, sugerindo a existência de um acordo entre os dos governos para evitar a divulgação da medida em data que prejudicasse a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O senador Tião Viana (PT-AC) avaliou que não é de agora que as famílias brasileiras instaladas em terras da Bolívia se queixam de que estão sendo alvo de constrangimento pela presença de militares e paramilitares na área. O senador disse que, enquanto o governo daquele país tenta solucionar o impasse, abrindo prazo para que esses fazendeiros desocupem as terras tidas como ilegais, pessoas que se põem à frente da questão "jogam pesado, agem de maneira embrutecida", explicou.

Viana reconheceu o direito do governo boliviano de definir sua política agrária, de "exigir a legalização dos ocupantes de suas terras e de ter cuidado com a área ambiental, agindo contra fazendeiros que agem de maneira inescrupulosa causando dano ao meio ambiente". No entanto, frisou, "vale ressaltar que, enquanto temos 5 mil brasileiros ditos ilegais, a Bolívia tem 70 mil cidadãos vivendo de maneira irregular em São Paulo", referindo-se ao número de imigrantes identificado pela Polícia Federal.

Para o senador petista, a situação é, portanto, mais complexa do que dá a entender o vice-ministro de terras da Bolívia, encarregado de desocupar as terras. Tião Viana disse que o governo do Acre, por ser fronteiriço à Bolívia, tem recorrido ao Itamarati em busca de solução. "Precisamos de diálogo e responsabilidade no tratamento desta questão, porque ninguém ganha com o constrangimento de famílias, crianças, pessoas que vivem a décadas nesta situação", argumentou.

O deputado Doutor Rosinha (PT-PR), da comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, defendeu uma negociação política para solucionar o impasse gerado entre o governo boliviano e os fazendeiros. Segundo Rosinha, o governo do presidente Lula poderá intermediar essa negociação entre o grupo de fazendeiros e o governo da Bolívia, caso seja solicitado pelos brasileiros que estão sob ameaça de expulsão. "É uma relação entre o Estado e a propriedade privada. Não conheço as leis bolivianas, mas a negociação política existe sempre", afirmou.

De acordo com o petista, o presidente da Bolívia, Evo Morales, enfrenta uma conjuntura dramática. "Ou ele cumpre o programa que prometeu ou corre o risco de ter os movimentos sociais, que já derrubaram dois governos anteriores, contra ele", avaliou. Rosinha considera que os movimentos sociais bolivianos são muito radicalizados, o que dificulta o diálogo com outros setores. "A melhor política para ele (Morales) é buscar o diálogo", sugeriu.





Fonte: AE

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