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Politica Brasil
Segunda - 13 de Novembro de 2006 às 13:54
Por: André Pozetti

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Uma das características fortes da contemporaneidade - ou pós-modernidade, como diriam os cientistas sociais -, é a superação dos maniqueísmo “bem” x “mal”, “feio” x “bonito”, “certo” x “errado”, “direita” x “esquerda”, “oposição” x “situação”.

A massa, no entanto, em alguns casos leva um tempo grande para compreender a evolução dos processos, o devir, o vir a ser. Noutro, se antecipa, como se tomasse consciência dos fenômenos antes de eles acontecerem.

Normalmente, espera-se da vanguarda a capacidade de percepção aguçada e em tempo real das mudanças, para se legitimar como tal, ou seja, para se legitimar como liderança, assumindo a responsabilidade de contribuir para a compreensão da retaguarda.

É por entender esse processo de construção da consciência coletiva que compreendo a missiva do ilustre colega advogado Leonardo Bressane, que me citou em artigo publicado nesta Folha na edição do último dia 10 do corrente.

Sou democrata e aprecio o debate. De tal modo que devo aceitar a provocação do colega, tomado de alegria por ter conseguido faze-lo se interessar por um processo coletivo e altamente construtivo, que é a eleição para a renovação do Conselho Seccional da Ordem dos Advogados de Mato Grosso. Penso que por essa única razão, meu artigo anterior já cumpriu um papel relevante, porque romper com o estado de letargia é condição sine qua non para a tomada de consciência dos indivíduos. Desejo, ainda, admito, que esse súbito interesse não se esgote no dia 17 de novembro, data do pleito, e perdure no dia a dia da OAB, levando o nobre colega, bem como a chapa que defende, a se engajar na luta dos advogados, perenemente.

Entretanto, ensina a Ciência Política, consciência é o estado do bom senso, não do senso comum. E, ao se fundamentar nas críticas vazias de significado que o nobre contendor reivindicou, fica patenteado que falta a ele elementos críveis para estabelecer um debate real sobre o significado dos interesses que estão em disputa nesta eleição da Ordem.

Talvez falte leitura ao nobre colega para compreender alguns processos mais complexos. Com certeza falta capacidade de leitura da realidade, porque o dogma cega o homem, impede a consciência de brotar livre e espontânea na mente dos homens.

Acusar a atual gestão de atrelamento partidário é miopia bruta, na medida que, na defesa das prerrogativas dos advogados, Francisco Faiad e os demais conselheiros enfrentaram toda e qualquer autoridade constituída que se aventurou ameaçar nossos direitos profissionais, independente da cor partidária ou posição social.

Aliás, essa a diferença essencial que a oposição não consegue sofismar: Faiad sintetiza a coragem e a independência necessárias a dirigentes da OAB, aqui ou acolá, na defesa da classe dos advogados.

E é por isso que seu trabalho na atual gestão, bem como seus 20 anos de militância classista na OAB, são reconhecidos pelo conjunto da nossa categoria, apesar da oposição, equivocadamente, caminhar em sentido contrário. Aliás, democracia é, antes e acima de tudo, respeitar a decisão da maioria, acatá-la, ainda que discordantes, porque é em nome dessa maioria (invisível aos olhos míopes da oposição) que o verdadeiro líder, a vanguarda, deve se pautar.

Para enxergar essa maioria, contudo, quem quer ser líder primeiro precisa superar o senso comum, precisa romper com os diversos tipos de maniqueísmo, em geral preconceituosos e limitadores de visão e de atitudes.

(*) ANDRÉ POZETTI é advogado militante em Mato Grosso.





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