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Após 58 dias, PF hesita em denunciar 'aloprados do PT'
O inquérito para investigar o dossiê Vedoin completa hoje 58 dias e a Polícia Federal, mesmo tendo à disposição uma farta coleção de provas documentais e testemunhais, não providenciou ainda o enquadramento criminal dos 'aloprados' - expressão com que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu os petistas participantes da operação.
A PF até já tornou pública a convicção de que os suspeitos - que tentaram comprar um conjunto de fotos, documentos e um DVD contra candidatos tucanos durante a campanha eleitoral - incorreram em pelo menos quatro tipos de delitos: formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro (lei do colarinho branco) e falsidade ideológica.
Na madrugada de 15 de setembro, uma sexta-feira, agentes federais flagraram em São Paulo Gedimar Passos e Valdebran Padilha, negociadores do dossiê, com R$ 1,75 milhão em um hotel perto do aeroporto de Congonhas. Com esse dinheiro, uma parte em reais (R$ 1,16 milhão) e outra em dólares (US$ 248,8 mil), a organização formada por quadros do PT pretendia adquirir o dossiê que custou cerca de R$ 200 aos Vedoin, a família que deu vida à máfia dos sanguessugas.
O plano era divulgar o material, com imagens de José Serra, quando ministro da Saúde da gestão Fernando Henrique, entregando ambulâncias em Cuiabá. Os participantes do esquema acreditavam que, ao tornar público o dossiê, grande estrago seria causado na imagem dos tucanos durante as eleições. Mas o golpe malogrou. Primeiro porque o dossiê não tinha importância - em nada compromete o governador eleito. E porque a PF chegou antes, no momento crucial da operação.
Desde o instante em que pôs as mãos na dinheirama que o PT amealhou, a PF poderia ter sido mais pragmática, na avaliação de juristas e até mesmo de delegados experientes.
Cuecas
Em casos semelhantes, que incluíram apreensão de moeda estrangeira e nacional em grande monta e não declarada, a PF adotou medidas mais severas. Foi assim com José Adalberto Vieira da Silva, ex-assessor de um irmão de José Genoino - presidente do PT na era mensalão -, apanhado em São Paulo com R$ 209 mil numa bolsa e US$ 100 mil na cueca, quando embarcava para Fortaleza, em 2005. Adalberto foi autuado em flagrante por crimes contra o sistema financeiro e a ordem tributária. O enquadramento, avaliou a PF, teve suporte em dois fatos: ele não comprovou a origem do dinheiro nem recolheu tributos incidentes.
Para os envolvidos no dossiê Vedoin, um tratamento mais brando. Não foram autuados, apesar de apanhados com a dinheirama. Ao invés do auto de prisão em flagrante, Gedimar e Valdebran foram submetidos à prisão temporária, que expirou no quinto dia. Voltaram para casa. Outros importantes personagens, antigos aliados de Lula, não perderam por um único instante a liberdade.
Operações
No governo Lula, a PF incorporou o papel de algoz dos corruptos e fraudadores. A eles não deu trégua. Ofereceu, sim, uma atuação dentro da lei, mas inflexível como poucas vezes se viu. Desencadeou, de janeiro de 2003 a agosto passado, 280 operações espetaculares que resultaram em 6.678 inquéritos. Não disparou um tiro. Foram 111 missões de combate à corrupção, que levaram 3. 740 suspeitos para o xadrez, incluindo 783 servidores públicos.
Os federais não pensaram duas vezes para expor publicamente tudo o que recolheram com os investigados: dinheiro, documentos contábeis, carros de luxo, armas, vestígios de enriquecimento ilícito. Os dólares na cueca de Adalberto logo ganharam as páginas da crônica policial. Mas os dólares do recente dossiê a PF não mostrou. Até que, a dois dias do primeiro turno das eleições, o delegado Edmilson Bruno, da PF em São Paulo, furou o bloqueio.
O procurador Mário Lúcio de Avelar pediu à revelia da PF a prisão dos suspeitos, mas a Justiça achou que não havia motivos. Avelar reiterou o pedido, que uma juíza de plantão acolheu, mas a instância superior revogou a toque de caixa.
A PF até já tornou pública a convicção de que os suspeitos - que tentaram comprar um conjunto de fotos, documentos e um DVD contra candidatos tucanos durante a campanha eleitoral - incorreram em pelo menos quatro tipos de delitos: formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro (lei do colarinho branco) e falsidade ideológica.
Na madrugada de 15 de setembro, uma sexta-feira, agentes federais flagraram em São Paulo Gedimar Passos e Valdebran Padilha, negociadores do dossiê, com R$ 1,75 milhão em um hotel perto do aeroporto de Congonhas. Com esse dinheiro, uma parte em reais (R$ 1,16 milhão) e outra em dólares (US$ 248,8 mil), a organização formada por quadros do PT pretendia adquirir o dossiê que custou cerca de R$ 200 aos Vedoin, a família que deu vida à máfia dos sanguessugas.
O plano era divulgar o material, com imagens de José Serra, quando ministro da Saúde da gestão Fernando Henrique, entregando ambulâncias em Cuiabá. Os participantes do esquema acreditavam que, ao tornar público o dossiê, grande estrago seria causado na imagem dos tucanos durante as eleições. Mas o golpe malogrou. Primeiro porque o dossiê não tinha importância - em nada compromete o governador eleito. E porque a PF chegou antes, no momento crucial da operação.
Desde o instante em que pôs as mãos na dinheirama que o PT amealhou, a PF poderia ter sido mais pragmática, na avaliação de juristas e até mesmo de delegados experientes.
Cuecas
Em casos semelhantes, que incluíram apreensão de moeda estrangeira e nacional em grande monta e não declarada, a PF adotou medidas mais severas. Foi assim com José Adalberto Vieira da Silva, ex-assessor de um irmão de José Genoino - presidente do PT na era mensalão -, apanhado em São Paulo com R$ 209 mil numa bolsa e US$ 100 mil na cueca, quando embarcava para Fortaleza, em 2005. Adalberto foi autuado em flagrante por crimes contra o sistema financeiro e a ordem tributária. O enquadramento, avaliou a PF, teve suporte em dois fatos: ele não comprovou a origem do dinheiro nem recolheu tributos incidentes.
Para os envolvidos no dossiê Vedoin, um tratamento mais brando. Não foram autuados, apesar de apanhados com a dinheirama. Ao invés do auto de prisão em flagrante, Gedimar e Valdebran foram submetidos à prisão temporária, que expirou no quinto dia. Voltaram para casa. Outros importantes personagens, antigos aliados de Lula, não perderam por um único instante a liberdade.
Operações
No governo Lula, a PF incorporou o papel de algoz dos corruptos e fraudadores. A eles não deu trégua. Ofereceu, sim, uma atuação dentro da lei, mas inflexível como poucas vezes se viu. Desencadeou, de janeiro de 2003 a agosto passado, 280 operações espetaculares que resultaram em 6.678 inquéritos. Não disparou um tiro. Foram 111 missões de combate à corrupção, que levaram 3. 740 suspeitos para o xadrez, incluindo 783 servidores públicos.
Os federais não pensaram duas vezes para expor publicamente tudo o que recolheram com os investigados: dinheiro, documentos contábeis, carros de luxo, armas, vestígios de enriquecimento ilícito. Os dólares na cueca de Adalberto logo ganharam as páginas da crônica policial. Mas os dólares do recente dossiê a PF não mostrou. Até que, a dois dias do primeiro turno das eleições, o delegado Edmilson Bruno, da PF em São Paulo, furou o bloqueio.
O procurador Mário Lúcio de Avelar pediu à revelia da PF a prisão dos suspeitos, mas a Justiça achou que não havia motivos. Avelar reiterou o pedido, que uma juíza de plantão acolheu, mas a instância superior revogou a toque de caixa.
Fonte:
Agência Estado
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/261183/visualizar/
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