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Politica Brasil
Domingo - 12 de Novembro de 2006 às 08:08

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Divergências em torno de taxas de juros, ajuste fiscal e gastos públicos, quedas-de-braço e conflitos sem fim marcam o núcleo duro do governo desde sua primeira edição, em 2003. De lá para cá, com uma crise atrás da outra, o grupo original de conselheiros se dissolveu, restando um único sobrevivente: Luiz Dulci, chefe da Secretaria-Geral da Presidência, um pacato mineiro de Santos Dumont.

A primeira versão do time abrigava os ministros mais poderosos do PT: José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci (Fazenda), Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação) e Dulci. O então presidente do PT, José Genoino, participava das reuniões quando estava na capital.

No segundo semestre de 2004, a morte do núcleo duro chegou a ser anunciada. Na época, a Casa Civil já havia sido dividida e Aldo Rebelo (PC do B-SP), hoje presidente da Câmara, tinha assento nas reuniões do grupo.

Na tentativa de salvar a concepção que norteou a criação do núcleo - avaliações de conjuntura e debates nos quais não deveria predominar o pensamento único -, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu novo modelo de funcionamento.

Foi assim que o grupo ganhou agregados, como o vice-presidente José Alencar, e acabou rebatizado de coordenação de governo. Os duros embates entre Dirceu e Palocci, no entanto, continuaram.

Ex-presidente do PT, Dirceu era o porta-voz da legião dos desenvolvimentistas enfurecidos com os juros altos e a política econômica ortodoxa praticada por Palocci, rotulado de monetarista. Alencar ficava ao lado de Dirceu, que também discutia com Gushiken, fã de Palocci.

Quando o chefe da Casa Civil caiu e a cúpula do PT desabou, dias depois do escândalo do mensalão, tudo foi se desmanchando. Gushiken perdeu status de ministro e se refugiou no apagado Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE).

Lula sempre apoiou Palocci, mas nunca tomou decisões sem ouvir todos os lados. Dilma Rousseff entrou no lugar de Dirceu na Casa Civil e, como gerente do governo, assumiu não só a cadeira como o estilo de enfrentamento do ex-homem forte do Planalto. Chegou a chamar de 'rudimentar' o ajuste fiscal de longo prazo proposto por Palocci e pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

Do apogeu ao declínio, com idas e vindas de ministros e participações especiais nas reuniões - como a do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e a do titular do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan -, o núcleo acolheu ainda Jaques Wagner (PT), hoje governador eleito da Bahia.

Defensores das metas de crescimento, Wagner e Furlan sempre destoaram de Palocci, ministro que caiu em desgraça em março, acusado de violar o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa.

"Sinceramente, não vejo espaço para recolocar essa discussão sobre desenvolvimentistas e monetaristas", argumenta Wagner. "O presidente já arbitrou e deu o tom, que é o desenvolvimento."

Sucessor de Palocci, Guido Mantega assina embaixo, assim como Tarso Genro, ministro das Relações Institucionais. Mas aparece agora uma 'terceira via', comandada pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP), ex-líder do governo, que prega o fim do 'romantismo econômico' e uma cruzada contra os gastos públicos, para aumentar os investimentos. Coisas da política.





Fonte: Agência Estado

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