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Meio Ambiente
Sexta - 10 de Novembro de 2006 às 15:53

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As regras do sistema de comércio internacional podem ter de ser alteradas para combater as mudanças climáticas e evitar um desastre econômico a ser provocado pela elevação das temperaturas, disse na sexta-feira o chefe da área de comércio da União Européia (UE).

O comissário de Comércio do bloco, Peter Mandelson, citou a necessidade de a questão climática ser incluída nas discussões sobre várias políticas (desde as fiscais até as de incentivo à demanda), mas não chegou a recomendar qualquer mudança concreta nas regulamentações atuais.

Os custos de um mundo mais quente justificam repensar a política de comércio, afirmou, citando um relatório publicado recentemente na Grã-Bretanha. O documento advertiu que ignorar as mudanças climáticas poderia provocar uma crise financeira semelhante à Depressão dos anos 1930.

"Se isso for verdade, e eu acho que é, então todas as políticas, incluindo as comerciais, precisam ser mobilizadas para responder a esse desafio", afirmou o comissário em uma palestra em Pequim.

"Precisamos mudar as regras? Precisamos, por exemplo, diminuir o imposto dos produtos vindos de países que preservam o meio ambiente? Ou de produtos que são eficientes do ponto de vista energético?", questionou Mandelson.

O comissário sugeriu que todos os governos poderiam tentar influenciar a demanda por produtos e que deveriam considerar a possibilidade de educar seus cidadãos a respeito do impacto ambiental dos diferentes produtos.

"Seria aceitável que as pessoas e os ministérios de Finanças dissessem que o custo não é o único critério, que desejamos produtos e serviços oferecidos sem prejudicar o meio ambiente?", perguntou durante o evento.

Com sua população de grandes dimensões, enfrentando falta de água e de terras aráveis e com um meio ambiente já bastante deteriorado, a China seria duramente atingida pela elevação das temperaturas.

E, na qualidade de segundo maior produtor de gases do efeito estufa do mundo, o país precisa ajudar na luta contra as mudanças climáticas, afirmou Mandelson.

"Apesar de termos responsabilidade pelos pecados do passado, os senhores têm uma responsabilidade crescente a respeito do futuro", afirmou.

A China, entretanto, não possui metas para limitar a emissão de gás carbônico, e o governo chinês diz que as reduções do tipo precisam vir antes dos países desenvolvidos, que produziram uma grande quantidade do material durante seu processo de industrialização.

Alguns analistas preocupam-se com a possibilidade de líderes chineses, enfrentando problemas que vão desde disputas internacionais na área comercial à insatisfação interna com a corrupção, a poluição e a falta de atendimento médico, mostrarem pouco interesse em tratar das mudanças climáticas.

Mas, segundo Mandelson, a questão mais urgente para a China é melhorar sua capacidade de garantir a observação de regulamentações que costumam ser ignoradas em nome do crescimento econômico.

"A preocupação deles com esses assuntos está aumentando e o envolvimento deles também. Então, acho que não se trata de uma falta de convencimento. Mas há problemas reais na capacidade de impor as regulamentações, problemas esses que a China precisará enfrentar", acrescentou.





Fonte: Reuters

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