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Politica Brasil
Segunda - 06 de Novembro de 2006 às 14:38

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Do 62º lugar, o país passou para o 70º no Índice de Percepções de Corrupção (CPI, na sigla em inglês), "empatado" com México, China, Gana, Senegal, Índia, Arábia Saudita e Egito. A queda real é considerada de cinco e não de oito posições, porque mais países foram incluídos neste ano.

"O que é importante é observar a nota, que no caso do Brasil era de 3,7 em 2005 e neste ano foi de 3,3", afirma o coodenador da TI para as Américas, Alejandro Salas. "Outros países podem melhorar o seu desempenho e empurrar você para baixo (sem que haja uma piora do país em questão)".

A nota do Brasil neste ano, que vem caindo desde 2004, foi 3,3 (com notas de zero a dez). Em 2001 e 2002, era 4,0, passou para 3,9 em 2003 e 2004 e em 2005 caiu para 3,7.

Quanto menor a nota, pior a avaliação. A nota cinco é considerada pela Transparência Internacional como uma espécie de divisor de águas: nota inferior é indício de sérios níveis de corrupção.

A TI avaliou os países com base em 12 fontes diferentes, incluindo estudos do Banco Mundial e da consultoria Economist Intelligence Unit feitos com base nas opiniões de empresários, executivos e analistas de dentro e fora do país avaliado.

O último na lista é o Haiti, que obteve nota de 1,8, substituindo Bangladesh, que ficou no pé do ranking por cinco anos e agora subiu para 151º. Em penúltimo, aparecem, empatados, Iraque, Mianmar e Guiné (1,9).

No topo do ranking, estão Finlândia, Islândia e Nova Zelândia - as três com nota 9,6.

As fontes nas quais o indice é compilado variam bastante na metodologia e no público entrevistado. Algumas delas, inclusive, se baseiam em dados do ano passado.

Escândalos

Trata-se da primeira edição do índice desde que estouraram os escândalos que atingiram o governo Lula no passado, uma vez que o estudo de 2005 foi fechado em junho.

Para a subsidiária da entidade no Brasil, "é difícil não atribuir" a deterioração no índice à repercussão internacional dos escândalos.

"É também presumível", ressalta a Transparência Brasil, "que os progressos no combate à corrupção que aconteceram no período" não tenham sido "captados" pelos entrevistados.

Salas, da Transparência Internacional, admite que os escândalos podem ter tido um impacto, mas considera os entrevistados deste estudo de um perfil menos sensível a escândalos do que o cidadão comum, cuja opinião é medida no Barômetro de Corrupção Global, outro estudo que a entidade deverá divulgar neste ano.

O especialista diz que os entrevistados para o ranking CPI costumam ter uma "perspectiva mais ampla", enquanto que a opinião pública é mais ligada às circunstâncias e a fatores "imediatos".

Quanto ao argumento usado pelo governo de que a corrupção está aparecendo mais porque está sendo mais investigada, Sallas admite ser possível que uma eventual melhora no combate ao problema possa ter uma repercussão inicial negativa na percepção dá corrupção praticada no país.

"É possível que um país nessa situação seja penalizado por um, dois, até três anos", disse o especialista.

A má colocação dos países pobres em geral leva a Transparência a destacar uma relação entre pobreza e corrupção.

Para Salas, no entanto, a percepção do funcionamento das instituições democráticas, também mencionado no relatório da TI, é o fator mais determinante na percepção da corrupção.

Ele cita como exemplo a Venezuela, que ficou em 138º lugar na lista deste ano.

"Chile (20º) e Uruguai (28º), que estão bem colocados, são conhecidos por ter instituições fortes", diz Salas.

Com poucas exceções, no entanto, a América Latina aparece mais uma vez como destaque negativo no ranking, com 25 dos 30 países da região tendo notas inferiores a cinco.

Para Salas, o impacto dos escândalos varia de acordo com a reputação das instituições e a confiança de que os envolvidos serão punidos.

Segundo o especialista, uma boa nota não significa um atestado de ausência de corrupção e sim a crença de que os episódios que existem serão punidos por meio de um sistema de Justiça autônomo.





Fonte: BBC Brasil

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