Governadores devem ajudar a costurar base aliada

Pelo menos 15 dos 27 governadores eleitos estão alinhados com Lula no segundo mandato. O apoio majoritário pode se configurar num dos principais trunfos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na composição da base aliada no segundo mandato, conforme analistas políticos.

Para o cientista Carlos Melo, do Ibmec, contabilizando apoios formais e informais, Lula parte de uma base de 17 [ele inclui os governadores eleitos da Paraíba e de Goiás], podendo ampliar para 20 o número de governadores aliados.

“As condições de governo, em que pese até os problemas policiais, são melhores do que em 2003. Se Lula não tem Minas, São Paulo e Rio Grande do Sul (estados em que o PSDB venceu), terá Bahia, Pernambuco e Ceará, os três principais estados do Nordeste. E não acredito que os três primeiros vão se configurar como uma frente contra governo federal”, diz referindo-se aos acenos de entendimento dos governadores eleitos Aécio Neves e José Serra.

Outra fator favorável, segundo o especialista, é a perda de espaço do PT, cuja cota no novo governo deverá diminuir.

“Você tem agora um PT menos capaz de exigir espaços do governo e vetar alianças. O PT de 2003 era mais mimado que filho de político e mais exigente que filho de banqueiro. Em 2007, não terá essa mesma força, perderá espaço.”

Para o professor Gaudêncio Torquato, da USP, Lula conquistou um “um conjunto apreciável” de governadores aliados na campanha que pode ser ampliado “com a força da caneta” no inicio do governo. “Eu diria que Lula ainda pode cooptar Alcides Rodrigues (Goiás) e André Puccinelli (Mato Grosso do Sul). Os governadores dependem do governo por causa da questão tributária.”

Luciano Dias, do Ibep, considera a influência dos governadores ao governo um poder “derivado”. “Quando nos últimos dez anos os governadores tiveram uma influência relevante? Só vetando o projeto de reforma tributária porque não concordam. De resto, são executivos que tocam suas administrações”, critica.