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Meio Ambiente
Sexta - 03 de Novembro de 2006 às 16:38

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Especialistas mundiais que receberam a incumbência da ONU de preparar um quarto relatório sobre a mudança climática apresentarão em 2007 um documento que confirmará as más notícias, em particular a extensão e a rapidez do fenômeno, que é cada vez mais visível.

"O que se previa em 1990 agora se pode verificar: uma trajetória de cerca de +0,2 grau centígrado por década. Além disso, o aquecimento se tornou visível. Os céticos sobre o efeito estufa estão ficando sem argumentos", diz o climatologista francês Jean Jouzel.

Jouzel é diretor do Grupo Intergovernamental de Especialistas em Evolução do Clima (GIEC), criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), e que é o responsável pela perícia mais ampla sobre este tema complexo.

Não há nenhum elemento, apesar da multiplicação de trabalhos desde o relatório anterior de 2001, que desminta a certeza de que estamos diante de um efeito de aquecimento. E o fenômeno está se acelerando até mesmo nos lugares onde era mais perceptível, por efeito de ampliação.

Confirmam esta perspectiva fenômenos devidamente constatados como o encolhimento da calota no Pólo Norte ou a forma como se derretem as geleiras da Groenlândia ou do "permafrost" (solo permanentemente congelado) da Sibéria.

"Só na Europa, em 30 anos se perderam 2 milhões de quilômetros quadrados de superfície com neve no inverno", destaca Jouzel.

Na Antártica, o continente gelado em torno do Pólo Sul, a situação é menos evidente devido à sua massa, mas o aquecimento da região não admite a menor dúvida.

"Os modelos climáticos são corroborados cada vez mais pelas análises de campo", insiste Jouzel. As dúvidas também se derretem, exceto quanto ao papel dos oceanos, ainda misterioso, e à multiplicação dos fenômenos climáticos extremos, como os ciclones, "que se discutem", afirma.

Com relação ao anterior, o exercício de 2007 será amplo e mais complexo, deve permitir afinar as previsões regionais, destaca por sua vez Serge Planton, encarregado do Grupo de Pesquisas sobre o Clima do Meteo-France, um serviço também associado ao GIEC.

Alguns cenários, principalmente franceses, que consideram uma redução das emissões de gases causadores de efeito estufa, demonstram que mesmo se estas fossem estabilizadas agora (o que não é o caso), a temperatura continuaria aumentando até 2300 por causa da inércia do clima.

Os mesmos "mostram que o homem pode agir na escala de um século e que isto pode se traduzir, no fim das contas, em um grau de diferença", destaca Planton.

Em 2001, o GIEC entrou em acordo sobre um aquecimento médio do planeta de, no mínimo, +1,4 a +5,8 graus centígrados até 2100. Desde então, as simulações feitas em laboratório não tiveram resultados muito diferentes, diz Jouzel, apesar de alguns climatologistas afirmarem que se deve esperar um aumento de "+2 graus centígrados pelo menos".

Os resultados serão submetidos ao consenso dos cientistas e dos governos, como estabelece o procedimento para todos os trabalhos do GIEC, antes da publicação do relatório 2007, no início de fevereiro.





Fonte: AFP

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