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Som crioulo no Sonora Brasil
Em sua quarta etapa, o Sonora Brasil - Crioulo, do Sesc Nacional, traz para os mato-grossenses a sonoridade bem característica do grupo pernambucano Korin Orichá. Trata-se da turnê do espetáculo Suíte Afro-Recifense, que o grupo vem desenvolvendo pelo país dentro deste projeto de circulação musical. A apresentação em Cuiabá acontece hoje, às 20h, no Teatro do Sesc Arsenal, com entrada franca.
O Sonora Brasil foi desenvolvido com o objetivo de difundir programas culturais identificados com o desenvolvimento histórico da música no Brasil. Incluindo trabalhos que mostram suas características desde os primórdios até os dias atuais, o projeto visa promover a ampliação e qualificação do nível de cultura musical das platéias, através da difusão de programas que venham a compor um painel significativo de parte expressiva da produção musical do país.
Para isso, prioriza aqueles trabalhos que, por seus valores intrínsecos e qualidade, não encontram espaço regular nos meios de comunicação em geral, ausentes, consequentemente, dos processos usuais de posicionamento mercadológico.
E dentro dessa proposta está o tema deste ano, o "crioulo", que abrange a música brasileira em seus aspectos essenciais, ou seja, uma produção influenciada pelas culturas ibérica e africana, que adquiriu vida própria e já não pode ser considerada estrangeira.
Nas outras três etapas, o Sonora Brasil apresentou grupos como Banza (Paraná), Gentil do Orocongo e Conjunto (Santa Catarina) e Em Tempo (Pernambuco). Desta vez quem percorre o país para mostrar o som crioulo é o Korin Orichá, de Recife (PE). Para tanto, se valerá da obra Suíte Afro-Recifense, um conjunto de cânticos muito especial e revelador.
Mas antes de chegar a eles, faz-se necessário trazer à luz algumas informações sobre a expressão "crioulo", que lamentavelmente ainda é utilizada de forma pejorativa. O termo adquiriu na história recente do país, principalmente nas áreas urbanas do sul do país, um sentido negativo não só de natureza racial, mas também sócio-econômica, utilizado em geral para discriminar a totalidade dos indivíduos de etnia afro-descendente.
Na realidade, explica Wagner Campos, coordenador do Sonora Brasil, a palavra era usada para definir todo indivíduo negro nascido de pais africanos na América, escravo ou não. O mesmo acontecendo com o branco nascido nas colônias européias. A denominação de "crioulo" vem de "criar", termo que englobava também o dialeto falado por estes.
A palavra "crioulo", portanto, vai muito além do sentido pejorativo que adquiriu, caracterizando, na diferença, o brasileiro originário, singular, ou seja, aquele que não era pertencente nem mais a África e nem mais a Portugal, inclusive no sentido cultural, salienta Campos. E, claro, a bagagem cultural trazida acabou influenciando na musicalidade brasileira.
Campos ressalta que a riqueza africana legada ao Brasil se caracterizou, de uma forma geral, através da combinação de instrumentos típicos principalmente de percussão, de tipos, tamanhos e timbres variados. Eles favoreceram práticas singulares sempre voltadas para a dança, produzindo, em combinação com as vozes, um conjunto característico e harmonioso. Do europeu foi herdada a quadratura estrófica, o sentido tonal harmônico, as formas lírico-melódicas, bem como o seu instrumental específico.
Segundo o diretor de música do Sesc Nacional, é neste contexto de natureza ritmico-harmônico-melódica que a contribuição musical de negros e brancos se revelou fecunda no país, "apresentando características determinantes de sobrevivência, determinando, na sobrevivência, o nascimento de uma "sonora" do Brasil que, analogamente àqueles primeiros descendentes, também poderíamos denominar igualmente de "crioula", por sua condição originária e singular".
A apresentação - Com pesquisa, arranjos musicais e históricos antropológicos de José Amaro Santos da Silva, professor do Departamento de Música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Suite Afro-Recifense é uma boa mostra do legado crioulo. Especificamente o ligado à religião dos Orixás, conhecida por alguns como Candomblé, por outros como Batuque e, pelos recifenses, como Xangô.
Por meio de vários cânticos que são integrantes dos cultos dos rituais do Xangô em Pernambuco, o Korin Orichá vai mostrar uma parte dessa riqueza cultural transmitida oralmente entre afro-luso-brasileiros. "Como Exu vem de frente, é o que recebe as primeiras oferendas, os primeiros cumprimentos, o que abre ou fecha caminhos dependendo como lhe tratem. É com seus cânticos que iniciamos essa Suíte musical, seguindo-se as dos demais orixás até Orixalá, com quem fechamos essa apresentação", explica José Amaro Santos da Silva.
Além de José Amaro, o grupo conta ainda com Talis Santos Vasconcelos, Antônio Ramos Fernandes, Rosilda Bezerra Vasconcelos, Eliseu dos Santos, Nancilvia Macambira, Giovani Gomes da Silva e Glauber Oliveira.
Serviço - A apresentação do Sonora Brasil - Crioulo, do Sesc Nacional, com o grupo pernambucano Korin Orichá. acontece hoje, às 20h, no teatro do Sesc Arsenal. A entrada é franca.
O Sonora Brasil foi desenvolvido com o objetivo de difundir programas culturais identificados com o desenvolvimento histórico da música no Brasil. Incluindo trabalhos que mostram suas características desde os primórdios até os dias atuais, o projeto visa promover a ampliação e qualificação do nível de cultura musical das platéias, através da difusão de programas que venham a compor um painel significativo de parte expressiva da produção musical do país.
Para isso, prioriza aqueles trabalhos que, por seus valores intrínsecos e qualidade, não encontram espaço regular nos meios de comunicação em geral, ausentes, consequentemente, dos processos usuais de posicionamento mercadológico.
E dentro dessa proposta está o tema deste ano, o "crioulo", que abrange a música brasileira em seus aspectos essenciais, ou seja, uma produção influenciada pelas culturas ibérica e africana, que adquiriu vida própria e já não pode ser considerada estrangeira.
Nas outras três etapas, o Sonora Brasil apresentou grupos como Banza (Paraná), Gentil do Orocongo e Conjunto (Santa Catarina) e Em Tempo (Pernambuco). Desta vez quem percorre o país para mostrar o som crioulo é o Korin Orichá, de Recife (PE). Para tanto, se valerá da obra Suíte Afro-Recifense, um conjunto de cânticos muito especial e revelador.
Mas antes de chegar a eles, faz-se necessário trazer à luz algumas informações sobre a expressão "crioulo", que lamentavelmente ainda é utilizada de forma pejorativa. O termo adquiriu na história recente do país, principalmente nas áreas urbanas do sul do país, um sentido negativo não só de natureza racial, mas também sócio-econômica, utilizado em geral para discriminar a totalidade dos indivíduos de etnia afro-descendente.
Na realidade, explica Wagner Campos, coordenador do Sonora Brasil, a palavra era usada para definir todo indivíduo negro nascido de pais africanos na América, escravo ou não. O mesmo acontecendo com o branco nascido nas colônias européias. A denominação de "crioulo" vem de "criar", termo que englobava também o dialeto falado por estes.
A palavra "crioulo", portanto, vai muito além do sentido pejorativo que adquiriu, caracterizando, na diferença, o brasileiro originário, singular, ou seja, aquele que não era pertencente nem mais a África e nem mais a Portugal, inclusive no sentido cultural, salienta Campos. E, claro, a bagagem cultural trazida acabou influenciando na musicalidade brasileira.
Campos ressalta que a riqueza africana legada ao Brasil se caracterizou, de uma forma geral, através da combinação de instrumentos típicos principalmente de percussão, de tipos, tamanhos e timbres variados. Eles favoreceram práticas singulares sempre voltadas para a dança, produzindo, em combinação com as vozes, um conjunto característico e harmonioso. Do europeu foi herdada a quadratura estrófica, o sentido tonal harmônico, as formas lírico-melódicas, bem como o seu instrumental específico.
Segundo o diretor de música do Sesc Nacional, é neste contexto de natureza ritmico-harmônico-melódica que a contribuição musical de negros e brancos se revelou fecunda no país, "apresentando características determinantes de sobrevivência, determinando, na sobrevivência, o nascimento de uma "sonora" do Brasil que, analogamente àqueles primeiros descendentes, também poderíamos denominar igualmente de "crioula", por sua condição originária e singular".
A apresentação - Com pesquisa, arranjos musicais e históricos antropológicos de José Amaro Santos da Silva, professor do Departamento de Música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Suite Afro-Recifense é uma boa mostra do legado crioulo. Especificamente o ligado à religião dos Orixás, conhecida por alguns como Candomblé, por outros como Batuque e, pelos recifenses, como Xangô.
Por meio de vários cânticos que são integrantes dos cultos dos rituais do Xangô em Pernambuco, o Korin Orichá vai mostrar uma parte dessa riqueza cultural transmitida oralmente entre afro-luso-brasileiros. "Como Exu vem de frente, é o que recebe as primeiras oferendas, os primeiros cumprimentos, o que abre ou fecha caminhos dependendo como lhe tratem. É com seus cânticos que iniciamos essa Suíte musical, seguindo-se as dos demais orixás até Orixalá, com quem fechamos essa apresentação", explica José Amaro Santos da Silva.
Além de José Amaro, o grupo conta ainda com Talis Santos Vasconcelos, Antônio Ramos Fernandes, Rosilda Bezerra Vasconcelos, Eliseu dos Santos, Nancilvia Macambira, Giovani Gomes da Silva e Glauber Oliveira.
Serviço - A apresentação do Sonora Brasil - Crioulo, do Sesc Nacional, com o grupo pernambucano Korin Orichá. acontece hoje, às 20h, no teatro do Sesc Arsenal. A entrada é franca.
Fonte:
A Gazeta
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/263911/visualizar/
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