Em reunião da Executiva, Berzoini se recusa a renunciar
Com a insistência de Berzoini em permanecer no posto, a cúpula petista definiu um calendário para o acerto interno de contas, que deve resultar na reforma radical da direção da sigla, como quer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na primeira reunião da Executiva Nacional do PT após a vitória de Lula, os petistas também aprovaram uma resolução de três páginas com duras críticas a 'setores' da oposição e da imprensa que estariam interferindo na montagem do novo ministério.
A nota diz que a eleição de Lula foi uma resposta aos "setores conservadores e golpistas da oposição" e destaca que o PT, chamado a cumprir 'papel crucial' no segundo mandato, fará um 'profundo debate' sobre a crise que o atingiu nos últimos dois anos.
Na esteira da retórica desenvolvimentista do presidente, a cúpula do PT decidiu, ainda, reforçar o discurso de esquerda, na tentativa de disputar os rumos do governo. O problema doméstico sobre a reorganização do partido, no entanto, foi adiado, mantendo a guerra entre as facções em banho-maria.
Se Berzoini não renunciar na próxima reunião do Diretório Nacional, marcada para os dias 25 e 26, em São Paulo, só o 4º Congresso da legenda, em 2007, terá competência para examinar o assunto. Motivo: o congresso é a instância máxima de decisão do PT e só ele pode revisar o estatuto do partido para permitir a mudança da cúpula.
Foi por causa desse imbróglio que os petistas resolveram antecipar a megarreunião para o primeiro semestre do ano que vem, atendendo a um desejo de Lula, embora ainda não tenham definido a data. Até a solução do impasse sobre Berzoini, o comando do PT continuará interinamente nas mãos de Marco Aurélio Garcia.
"Façam o seguinte: cuidem das redações que nós cuidamos do PT", respondeu Garcia, irritado com perguntas de repórteres que queriam saber quando o partido atenderá a orientação do presidente para a reforma da direção petista. Na avaliação de Lula, o resultado das urnas deve se refletir na composição da cúpula do PT, tornando-a mais nacional e menos paulista.
"A preocupação de Lula é justificada: ele quer um partido mais dinâmico", argumentou Garcia. O presidente do PT admitiu ainda que a legenda 'falhou' na primeira fase do governo. "Num primeiro momento, o PT não mobilizou suficientemente a sociedade na defesa do programa de transformação social e terá de fazer isso com mais força no segundo mandato", afirmou Garcia.
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