Cabral e Rosinha já negociam a transição
Até a próxima semana, Rosinha definirá os demais integrantes do grupo, que terá um representante de cada secretaria. As equipes deverão se reunir pela primeira vez na quarta-feira, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde ficará o escritório do grupo de transição de Cabral. Regis Fichtner, três integrantes dessa equipe, esteve ontem na FGV para conhecer as salas cedidas para a realização do trabalho.
O encontro de Rosinha e Cabral durou cerca de três horas. ¿Foi um café da manhã carinhoso, amigo, fraterno, de troca de informações¿, disse o governador eleito. Cabral estava acompanhado da mulher, Adriana, e do vice Pezão, também com a mulher, Maria Lúcia. Ciceroneada por Clarissa, filha de Rosinha, a futura primeira-dama aproveitou para conhecer o interior do Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador.
Cabral e Rosinha conversaram sobre a estrutura do governo e analisaram o quadro econômico do Estado. Falaram também sobre a venda do antigo Banco do Estado do Rio (Berj), que será leiloado este mês. Os recursos ¿ R$ 800 milhões ¿ permitirão ao governo atual reduzir o déficit do Estado, que pode passar de R$ 2 bilhões. Rosinha porém, tranqüilizou Cabral sobre o 13º dos servidores, dizendo que o pagamento da parcela que falta já está garantido.
Na entrevista após o encontro, Rosinha causou uma saia justa, ao insinuar que o governo de Cabral é uma continuação do dela. Ela citou quatro vezes a palavra continuar. Cabral ficou calado sobre o assunto.
Decisões em conjunto A partir de agora, todas as principais medidas a serem adotadas pelo governo estadual serão submetidas à apreciação da equipe de transição do governador eleito Sérgio Cabral (PMDB). A decisão vale, por exemplo, para a nova tabela do IPVA, que deverá ser pago em 2007 pelos donos de veículos.
A equipe técnica da Secretaria da Receita conclui este mês estudo sobre a tabela. O levantamento será apresentado ainda em novembro ao secretário Antônio Francisco Neto. Como coordenador do grupo de transição do governo, Neto submeterá o trabalho à equipe de Cabral.
O governador eleito também deverá interferir no Orçamento Estadual de 2007. A proposta orçamentária, com receita total estimada em R$ 36,7 bilhões, já foi enviada pela governadora Rosinha Garotinho à Assembléia Legislativa (Alerj), mas deverá ser reformulada pela equipe de Sérgio Cabral.
¿Há possibilidade de revisão geral do Orçamento¿, explicou o deputado Edson Albertassi (PMDB), presidente da Comissão de Orçamento da Alerj. O deputado conversou ontem por telefone com o vice-governador eleito Luiz Fernando Pezão, coordenador da equipe de transição. Na próxima semana, eles deverão se reunir para discutir o assunto.
Assessores de Cabral tiveram acesso à proposta orçamentária antes da eleição. As mudanças no projeto deverão ser feitas para adequar a proposta às prioridades do novo governo. Cabral já anunciou que pretende reduzir em R$ 3 bilhões as despesas de custeio da estrutura governamental. Os cortes poderão ser feitos agora, por emendas ao Orçamento, ou após a posse, por bloqueio de recursos.
Um dos problemas para o futuro governador do Rio, além do provável déficit de pelo menos R$ 2 bilhões, será a reduzida capacidade de investimento do Estado ¿ apenas R$ 1,5 bilhão, menos de 5% do Orçamento.
Sem oposição na Alerj O governador eleito Sérgio Cabral terá uma maioria esmagadora na Assembléia Legislativa do Rio. Nem mesmo o PPS e o PFL ¿ que apoiavam a adversária de Cabral no segundo turno, Denise Frossard (PPS) ¿ devem se posicionar frontalmente contra o governo do peemedebista. ¿Nosso espaço político é de oposição, mas vamos ajudar no que for de interesse do Estado¿, minimiza o líder do PPS na Casa, André Corrêa.
O PT, um dos principais partidos de oposição ao governo Rosinha Garotinho na Alerj, fechou questão pelo apoio a Cabral. ¿Daremos apoio com toda certeza. O que discutimos agora é como será a relação entre o PT e o governo¿, revelou o presidente do partido no Rio, Alberto Cantalice. Segundo ele, o partido só vai se posicionar sobre possível participação em secretarias depois de convidado formalmente.
Os outros dois principais partidos da oposição, o PDT e o PSDB, tendem para a neutralidade. Nenhum dos dois tem questão fechada, mas integrantes das duas legendas deram apoio a Cabral durante a campanha.
Com isso, a oposição ao novo governo deve ser feita quase que de forma individual por alguns parlamentares, dependendo de cada projeto a ser votado.
O único problema que Cabral tem hoje para resolver na Casa é a composição da Mesa. O presidente Jorge Picciani (PMDB) é favoritíssimo à reeleição, mas o deputado Domingos Brazão (PMDB) vem tentando se articular e pode bater chapa apostando no prestígio angariado no baixo clero. Outro problema é definir o espaço que vai ocupar o atual líder do PMDB, Paulo Melo. Por enquanto, a tendência é que ele se torne o líder do governo de Sérgio Cabral.
Reajuste aos professores O governador eleito Sérgio Cabral (PMDB) garantiu ontem, em Brasília, que reajustará os salários dos professores da rede estadual. Sem confirmar se o aumento será de 67%, como prevê o plano traçado pelo atual governo, ele disse apenas que é uma das suas prioridades no Estado.
De acordo com o peemedebista, o tema já está sendo analisado por seu grupo de transição em parceria com a equipe da governadora Rosinha Garotinho (PMDB). ¿Os professores não têm reajuste há mais de 11 anos. É um compromisso meu de governo. Mas não posso ainda adiantar (o percentual). Depende da equipe de transição¿, destacou. A fonte de recursos para o reajuste também não foi definida pela equipe de transição.
Comentários