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Cultura
Quarta - 01 de Novembro de 2006 às 01:02

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Desde que fez Exótica, em 1994, Atom Egoyan sonhava com um filme sobre atores de cabaré. A atmosfera excitava-o, mas ele nunca parava para pensar seriamente no assunto. Egoyan estava no meio da produção de Ararat quando recebeu, por meio de seu agente, o livro que deu origem a A Verdade Nua. O livro foi enviado por uma admiradora do cineasta, que achava que daria um perfeito filme de Atom Egoyan. Seu agente não estava muito convencido, mas ela insistiu tanto que o livro chegou às mãos do diretor.

Não foi encantamento à primeira vista. Mas, aos poucos, ele começou a se impregnar do mistério desse quebra-cabeça que lhe permite retomar temas essenciais do seu cinema, a ambigüidade fundamental da relação humana com o voyeurismo. A Verdade Nua conta a história da dupla que foi famosa na TV dos anos 1950, entrando em colapso quando ambos (Lanny e Vince, interpretados por Kevin Bacon e Colin Firth) se envolveram no assassinato de uma garota encontrada nua num quarto de hotel, em 1959. O impacto levou à dissolução do duo e 13 anos depois surge essa jovem jornalista que vai investigar o caso.

A verdade, o que é a verdade?, interroga-se o cineasta canadense nascido no Cairo, de origem armênia. Não existe a verdade, mas versões dela. Lanny e Vince forjam a sua versão, a jornalista cria a dela, que pode ser plausível, mas também é produto de uma obsessão, ou fantasia.

Rupert Holmes, autor do livro Where the Truth Lies, explicou Egoyan, "foi um comediante célebre nos anos 1970 e único a receber três Tonys pelo roteiro, música e canções do espetáculo The Mystery of Edwin Drood." O livro é cheio de detalhes de época que permitiram ao cineasta informar-se sobre um período que o fascinava, mas lhe era um tanto estranho. "Holmes me forneceu a base para um intrigante filme noir, no qual os mecanismos narrativos ligam-se ao destino dos personagens, o que é sempre fascinante."

Uma maneira sucinta de definir A Verdade Nua seria dizer que se trata de um drama criminal de época, que cobre cerca de 20 anos, entre 1950 e 70. Nada é o que parece. Quando você achar que está enquadrando os personagens em alguma classificação, eles escapam - Lanny, Vince e a jornalista, Karin (Alyson Lohman) são mais complexos do que parecem. "Cada personagem reflete os fantasmas e o desejo de outro que sonha passar para o outro lado do espelho." (LCM)




Fonte: AE

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