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Nacional
Terça - 31 de Outubro de 2006 às 10:40

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O papa Bento 16 nomeou na terça-feira o cardeal dom Cláudio Hummes para comandar o poderoso departamento do Vaticano que supervisiona os padres católicos no mundo inteiro.

Hummes, 72, foi cotado para ser eleito papa no conclave de 2005, que acabou elegendo Bento 16 para a sucessão de João Paulo 2o.

A nomeação do arcebispo de São Paulo para prefeito da Congregação para o Clero, responsável pelo trabalho dos 400 mil padres do mundo e também por alguns aspectos da educação religiosa, representa um reconhecimento da importância que o Vaticano dá ao Brasil, maior país católico do mundo.

"Acho que a escolha de dom Cláudio (Hummes) para a Prefeitura para o Clero é uma grande honra para o episcopado brasileiro. Por meio dele, a Igreja brasileira é chamada a trabalhar estreitamente com o papa", disse à Reuters dom Odilo Scherer, secretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e bispo auxiliar de São Paulo.

"(Os prefeitos) são os mais estreitos colaboradores do papa no governo de toda a Igreja."

Hummes será o brasileiro com maior influência no Vaticano. Entre suas tarefas mais delicadas estará lidar com os escândalos sexuais envolvendo a Igreja em vários países.

A entrada de Hummes no círculo de "manda-chuvas" do Vaticano aumenta suas chances de se tornar papa se houver outro conclave antes de ele completar 80 anos, o limite para a participação dos cardeais nessas escolhas.

Ele é amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem ajudou na época de sindicalista, durante a ditadura militar (1964-85).

Ironicamente, Hummes apoiava a Teologia da Libertação no começo da década de 1980, quando o influente cardeal alemão Joseph Ratzinger — hoje Bento 16 — escreveu um polêmico documento criticando o envolvimento de padres na política.

Hummes, que ajudou sindicatos de esquerda na luta política contra a ditadura, tornou-se mais moderado desde então, embora continue defendendo o MST, os sem-teto e os movimentos de moradores de favelas.

"Vejo a perspectiva simbólica de Hummes influenciar as raízes da Igreja. Isso é um reconhecimento para o Brasil, onde vive um em cada dez católicos (do mundo) e onde a Igreja é estreitamente ligada às classes pobres", disse Fernando Altemeyer, professor de Teologia na PUC-SP.

Filho de imigrantes alemães, esse franciscano ganhou fama na década de 1970, quando era bispo de Santo André (SP). Na época, permitia que os sindicatos do ABC, proibidos pelo regime militar, se reunissem na sua igreja.

Ele vai suceder ao cardeal colombiano Darío Castrillón Hoyos como chefe da Congregação para o Clero. O Vaticano disse que Castrillón continuará no comando do departamento chamado Ecclesia Dei, que tenta resolver o cisma com os católicos ultraconservadores que romperam com o Vaticano em 1988.

Quanto a Hummes, no momento em que ele tomar posse no Vaticano, ele deixa de ser arcebispo de São Paulo.





Fonte: Reuters

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