A Esperança venceu a mídia
Os escândalos diariamente divulgados pela mídia não abalaram a camada mais pobre. Ao contrário, eles permaneceram em defesa do presidente. Em defesa dos produtos básicos mais baratos para saciar a fome, para garantir a sobrevivência. A cobertura pautada pelos escândalos demonstrou claramente o jogo de interesse das eleições de 2006 e, por isso, é necessário estimular o debate sobre o papel da mídia nesta eleição presidencial. Muitas teorias foram contrariadas.
Quem não ficou decepcionado com um partido que assumiu o governo intitulado "ético", porém produziu nada mais, nada menos, que o escândalo dos correios, o valerioduto, mensalão, dólar na cueca, máfia das sanguessugas e na véspera do primeiro turno ainda tenta comprar o dossiê dos Vedoins?
Eu fiquei muito decepcionada. Mas a perversidade do jornalismo também é impressionante. Por outro lado, o adversário tucano ficou na mesmice.
Faltou ao Geraldo Alckmin (PSDB) novas propostas para um Brasil diferente, por isso mesmo perdeu 2,4 milhões de votos (outro ponto que abre novas frentes de discussão) no segundo turno.
A tentativa de dividir os brasis entre pobres e ricos foi um golpe baixo revelado ao final do primeiro turno. O resultado final com a vitória de Lula em 20 estados deixou claro que o quadro é outro. Em Mato Grosso é preciso reconhecer a força política do governador reeleito Blairo Maggi. Por pouco ele não virou o jogo no segundo turno das eleições no estado. No próximo mandato de Lula, Maggi deverá receber os louros de sua ousadia política ao apoiar o PT contrariando a turma do agronegócio.
Em 2002, o slogan era "A esperança venceu o medo". Em entrevista de análise do resultado da eleição que garantiu 60,83% dos votos válidos a Lula, o deputado Vicentinho (PT-SP) chamou atenção para o novo slogan: "A esperança venceu a mídia".
E com a "vitória" o presidente decidiu repensar a relação com a mídia e os grupos de comunicação. Provavelmente é o resultado de quem cansou de apanhar.
(*) Adriana Mendes é jornalista em Cuiabá
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