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Politica Brasil
Domingo - 29 de Outubro de 2006 às 14:50

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Aos gritos de "ladrão", "bandido" e "judas", o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT) provocou um início de tumulto ao comparecer para votar em uma universidade na zona sul da capital paulista. Em meio à hostilidade explícita, Dirceu disse que tem serenidade vinda do apoio que recebe de seu partido e da sociedade.

Os insultos o perseguiram durante os quinze minutos em que permaneceu na seção eleitoral, no bairro de Moema. Uma eleitora ameaçou avançar sobre o ex-ministro e foi contida por um dos cerca de dez correligionários do petista que faziam um cerco humano a Dirceu.

Depois, ela ainda se postou à frente do veículo que levava o ex-deputado e quase foi atropelada. Ao menos dois pastéis recheados, comprados em uma banca próxima, foram arremessados em direção ao petista, sem alcançá-lo.

Um dos aliados de Dirceu respondia com o termo "chuchu", empregado para designar o candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB), adversário do presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Normal, natural", reagiu Dirceu sobre as agressões. "O país tem democracia, as pessoas têm liberdade de manifestação. Eu tenho serenidade e tranquilidade porque tenho apoio e respaldo da militância do meu partido e da sociedade, senão eu não estaria como estou depois de tudo que passei", completou na entrevista aos jornalistas neste domingo.

Vestindo um terno azul marinho, sem gravata, e uma camisa azul claro, Dirceu estava com os cabelos brancos crescidos, que lhe cobriam o pescoço. Ele não respondeu diretamente aos insultos.

O auditor Marcelo Teles, de 23 anos, contou que assim que começou a gritar "ladrão" foi contido por um dos correligionários de Dirceu. "Ele deveria respeitar o direito dos brasileiros. Ele (Dirceu) é um dos mentores desta balbúrdia da política brasileira", disse Teles.

Dirceu disse que não se importou com sua ausência na campanha de Lula, após acompanhá-lo desde a eleição presidencial de 1989. "Estou acostumado a ficar na planície. É a terceira vez na minha vida que enfrento situações de começar tudo de novo."

O ex-ministro, acusado de comandar o esquema do mensalão e cassado no final de 2005, está confiante na vitória de Lula neste domingo, mas afirmou que não terá participação no futuro governo. "Sou um cidadão, sou filiado ao PT, sou advogado, consultor. Minha prioridade é me defender no Supremo Tribunal Federal, provar minha inocência e depois pedir anistia à Câmara dos Deputados."

Pela primeira vez em público, ele afirmou que não teve participação no caso do dossiê que petistas tentaram comprar para envolver tucanos com a máfia dos sanguessugas. Um dos envolvidos no esquema, Jorge Lorenzetti, falou com Dirceu por telefone. "Se o Lorenzetti ligou para mim, se encontrou comigo, uma coisa não tem nada a ver com a outra... Pode investigar à vontade."

Evitando falar em entendimento, Dirceu pregou o diálogo com a oposição. "O governo tem que conversar com a oposição porque o país tem problemas graves. Mas o PSDB, como (o ex-presidente) Fernando Henrique Cardoso disse, recebeu um mandato para ir para o oposição e o PT para governar."





Fonte: Reuters

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