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Politica Brasil
Sábado - 28 de Outubro de 2006 às 13:33

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O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que retoma suas atividades normais na próxima semana, já recebeu as defesas de 66 dos 67 deputados acusados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas. Falta apenas a defesa do deputado Cabo Júlio (PMDB-MG). Todos os acusados negam as denúncias.

Entre eles, os mato-grossenses Lino Rossi (PP), Celcita Pinheiro (PFL), Ricarte de Freitas (PTB), Pedro Henry (PP) e Welinton Fagundes (PL). Os dois últimos foram reeleitos.

Rossi é acusado pelo empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, um dos chefes da máfia das ambulâncias, de fazer acordo para receber uma comissão de 10% sobre o valor de suas emendas que fossem executadas por meio do esquema fraudulento. Vedoin diz que definia diretamente com o pepista os municípios beneficiados, os valores e o objeto das licitações de ambulâncias e equipamentos médico-hospitalares. O empresário afirma que por meio dele teve os primeiros contatos com parlamentares em Brasília (DF).

Em sua curta defesa, Lino Rossi se limita a dizer que, com a posterior apresentação de documentos, sua inocência será provada. Nega qualquer vantagem em decorrência das emendas e diz que nunca exerceu influência sobre processos de licitação promovidos pelos municípios ou entidades beneficiadas.

Já a deputada Celcita Pinheiro confirmou que apresentou emendas para compra de unidades móveis e de equipamentos hospitalares, mas ressaltou que também apresentou emendas com outras finalidades. Ela também confirmou que indicava os municípios que deveriam ser beneficiados pelas emendas e entrava em contato com eles, diretamente ou por meio de assessores. Negou que o contato fosse feito para acertar condições de licitações.

Luiz Antônio disse à Justiça Federal que, em 2002, deu R$ 50 mil à deputada para ajudar na campanha eleitoral, por meio de dois cheques de R$ 25 mil da empresa Santa Maria. Posteriormente, a quantia seria reembolsada por meio de emendas para compra de unidades móveis de saúde. Segundo o pai do empresário, Darci Vedoin, Celcita recebeu os dois cheques como ajuda para a campanha, mas disse que eles foram devolvidos por falta de fundos. Para atestar que não recebeu os cheques, a parlamentar apresentou extratos bancários e cópia da prestação de contas das eleições de 2002.

O reeleito Henry teria direcionado recursos para a compra de ambulâncias da Planam na região oeste de Mato Grosso. Segundo Vedoin, o contato com os prefeitos para acertar as fraudes nas licitações teria sido realizado pelo próprio deputado. Vedoin informou que, a título de pagamento de comissão, comprou e entregou a Henry um Blazer DLX. O veículo teria sido financiando em seu próprio nome. O pai de Luiz Antônio, Darci Vedoin, declarou que, entre 2005 e 2006, Henry vendeu o veículo e restituiu à Planam o valor correspondente à compra.

Na defesa, Henry destaca que, no depoimento à CPMI das Sanguessugas, Luiz Antônio Vedoin teria afirmado que o veículo Blazer foi uma ajuda de campanha para o parlamentar. Henry também ressalta que Darci Vedoin declarou à Justiça Federal em Mato Grosso que "não foi acertada com o parlamentar nenhuma comissão".

Em relação ao deputado Ricarte de Freitas, o empresário Luiz Antônio Vedoin afirma que acertou com ele o pagamento de comissão de 10% do valor de cada emenda de sua autoria que fosse executada por meio de empresas do esquema das sanguessugas. Ainda segundo o depoimento, Freitas teria recebido de Vedoin um automóvel "a título de antecipação de suas comissões", mas teria devolvido o veículo ao empresário por causa de um defeito mecânico. Vedoin também afirmou que os responsáveis pelo esquema resgataram uma dívida de R$ 118 mil do deputado. Além disso, segundo Vedoin, o deputado teria recebido pagamentos que somaram R$ 90,2 mil em troca da apresentação de emendas executadas em 2000 e R$ 158,9 mil relativos às emendas de 2001.

O petebista admite ter iniciado relacionamento com o dono da Planam Darci Vedoin "há longa data" e ressalta que, aos parlamentares, os serviços de Vedoin "eram um auxílio para que as emendas fossem aproveitadas de forma eficiente e mais rápida". Sobre o alegado pagamento de uma viagem de sua filha pelos Vedoins, o deputado diz que, no período citado, a filha não foi a Nova Iorque.

O deputado Wellington Fagundes também é acusado pelo empresário Luiz Antônio Vedoin de ter feito acordo para receber comissão de 10% do valor de cada emenda de sua autoria que viesse a ser executada por prefeituras ou entidades não-governamentais para favorecer o esquema das sanguessugas. Conforme a acusação, Fagundes e um assessor, Cinésio Nunes de Oliveira, se encarregaram de fazer contatos com prefeitos para "acertar detalhes do direcionamento das licitações".

Fagundes diz que está sendo investigado principalmente pelo fato de seu nome ter sido citado em diálogos de terceiros interceptados pela Polícia Federal.





Fonte: Da Redação

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