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Politica Brasil
Quarta - 25 de Outubro de 2006 às 08:52

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O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e Jorge Lorenzetti, o churrasqueiro do presidente Lula acusado pela Polícia Federal de ser o coordenador da operação de compra do dossiê Vedoin, encontraram-se pelo menos duas vezes entre abril e agosto deste ano. Os dois estiveram reunidos, em particular, no fim de agosto em Brasília. Antes, já tinham passado parte do dia 11 de abril juntos, em um evento público em Florianópolis (SC).

A Polícia Federal investiga as ligações entre Dirceu e Lorenzetti após ter identificado dois contatos telefônicos entre eles feitos no dia 11 de setembro - quatro dias antes da prisão de Gedimar Passos e Valdebran Padilha com o R$ 1,75 milhão que serviria para comprar o dossiê com que petistas pretendiam vincular políticos tucanos à máfia das sanguessugas. As ligações entre os dois foram localizadas no rastreamento da PF em 800 linhas telefônicas que tiveram ligações feitas ou recebidas por Lorenzetti.

Nesse levantamento foram identificadas também conversas com o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. A PF segue essas pistas para tentar chegar ao mentor da operação da compra do dossiê. Para isso, os federais devem pedir ainda a quebra do sigilo telefônico do ex-titular da Casa Civil entre 15 de agosto e 15 de setembro. A PF, no entanto, não tomou conhecimento das reuniões entre os investigados.

O último encontro entre Dirceu e Lorenzetti aconteceu em um restaurante de um hotel em Brasília, já no auge da crise das sanguessugas e a menos de um mês da prisão dos petistas. O advogado de Lorenzetti, Aldo de Campos Costa, disse que os dois discutiram apenas assuntos da 'conjuntura política' na ocasião, e não questões estratégicas da campanha, muito menos relacionadas ao dossiê.

Não há mais detalhes sobre a reunião ocorrida entre Dirceu, que diz estar afastado da política partidária e da disputa pela reeleição, e Lorenzetti, que ocupava o cargo de coordenador de risco e mídia no comitê de Lula.

Palestra

O outro encontro ocorreu em 11 de abril, em Florianópolis. Naquele dia, Dirceu ainda estava em seu isolamento temporário e voluntário da imprensa - depois de ter o mandato de deputado cassado por conta do mensalão - e foi até a capital catarinense para uma palestra no 10º Congresso Estadual dos Trabalhadores no Comércio, na Federação dos Trabalhadores no Comércio de Santa Catarina (Fecesc).

Durante a maior parte da visita, que incluiu uma reunião com políticos locais, a palestra, um almoço e entrevista à imprensa no Sesc de Florianópolis, Dirceu foi ciceroneado por Lorenzetti e pelo então presidente do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), Eurides Luiz Mescolotto - ex-marido da senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

Na ocasião, Lorenzetti ainda era diretor do Besc e articulava a criação do comitê pró-Lula em Santa Catarina. Ele acabou desligado do banco após seu nome ter sido envolvido no escândalo do dossiê. Mescolotto continua no Besc e ocupa hoje cargo de diretor. Ambos foram indicações do próprio Lula na instituição, que é federalizada.

Na palestra aos comerciários, apesar de afastado da campanha, Dirceu saiu em defesa de Lula e de sua reeleição e afirmou à platéia: "Estou fazendo tudo o que posso para reeleger o presidente." O petista fez questão de destacar que não iria participar da campanha como membro, mas sim como "cidadão, advogado e militante".

O advogado de Lorenzetti afirmou que 'não há nada a esconder' sobre os encontros entre seu cliente e Dirceu. "Certamente, se voltarmos mais no tempo, vai haver outros encontros, mas não há nenhuma discussão sobre campanha", afirmou. "Eles não são amigos, mas são pessoas próximas, ligadas pelo partido", justificou o advogado. Ele também nega que Lorenzetti seja o coordenador da operação de compra do dossiê.

O advogado do ex-ministro da Casa Civil, José Luís de Oliveira Lima, foi procurado pela reportagem de O Estado de S. Paulo, mas até o fechamento da edição não deu resposta.





Fonte: RMT-Online

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