Operação autua empresas acusadas de sonegação. Prejuízo pode ser de R$ 2 mi

Cinco empresas de Rondonópolis são suspeitas de terem sonegado R$ 2 milhões para o fisco de Mato Grosso. O esquema foi desbaratado nesta segunda-feira pela Polícia Judiciária Civil, durante a operação Alfa. Todas as empresas estão sendo investigadas por venderem produtos sem notas, até mesmo roubados, e de comprarem terceiras vias. O empresário e coronel reformado da PM, Carlos de Souza está sendo apontado como o chefe do esquema. Durante todo o dia, a polícia cumpriu 12 mandados de busca e apreensão.

As investigações partiram de denúncias feitas anonimamente para a Delegacia Fazendária em agosto deste ano. De lá para cá, foram rastreadas as mercadorias que abasteciam as empresas. Agora, a polícia irá verificar se a fraude é comprovada no material apreendido nas empresas. Documentos de 2003 para cá serão analisados no inquérito que apura a fraude ao fisco.

Quatro empresas do ramo de construção (Maria do Carmo Soares de Cia Ltda, o Baratão Ferromar, Hélio Antônio de Lima e Soares Souza e Damasceno) e um posto de gasolina (Posto Pobore – Alves de Lima e Soares e Silva Ltda) estão sendo investigados. As duas lojas do Baratão Ferromar ficaram fechadas durante todo o dia de hoje.

A partir da denúncia feita anonimamente contra o proprietário das empresas, a Polícia Fazendária passou a monitorar todas as cargas adquiridas pelas empresas. A investigação contou com a parceria do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, que monitora pelo sistema via internet todas as cargas que entram no estado, e através deste procedimento a polícia pode comprovar que realmente as notas não estavam sendo apresentadas para a Secretaria de Fazenda em Mato Grosso.

“Agora vamos analisar o material apreendido nas empresas para verificar se há comprovação da fraude e como era feito o procedimento”, disse a delegada fazendária Luzia Machado.

Também serão investigadas denúncias de envolvimento de laranjas (pessoas que emprestam o nome para constarem como proprietários de empresas) como funcionários das lojas e parentes de Souza. O Governo também irá investigar o patrimônio de Souza e a origem do dinheiro usado para viabilizar os empreendimentos que tem em Rondonópolis. Para isso, serão cruzados dados das declarações do imposto de renda e do patrimônio que pertence a ele. Além das empresas, Souza também é dono de vários imóveis na cidade.

Segundo a delegada, também foram feitas denúncias não comprovadas de tráfico de drogas e armas.

Souza prestou depoimento pela manhã e à tarde à delegada fazendária. O ex-contador das empresas, cujo nome foi mantido em sigilo, também foi ouvido e contou que deixou de trabalhar para as empresas por não concordar com os procedimentos adotados pelo empresário.

O Governo agora também vai abrir investigação para verificar se o procedimento para sonegar o fisco tinha apoio de funcionários da Secretaria de Fazenda. Além disso, também serão investigadas entradas de produtos por outros estados, entre eles Goiás.

A operação Alfa foi acompanhada pelo diretor de interior da Polícia Judiciária Civil, Marcos Veloso e contou com a participação de 10 delegados, 80 policiais e três fiscais da Secretaria de Fazenda. Os 12 mandados de busca e apreensão foram expedidos pelo juiz Edson Pereira Costa.

Ministério Público O empresário também estava sendo investigado pelo Ministério Público Estadual, que acabou solicitando mais mandados de busca e apreensão fora da cidade de Rondonópolis. Os mandados foram expedidos por três promotores: Sérgio Silva Costa e Sasenazy Daufenbach de Rondonópolis e Ana Cristina Silva, de Cuiabá.

Empresas As empresas que ficaram fechadas durante todo o dia não serão lacradas e deverão atender em horário normal a partir de amanhã (24). Se ficarem comprovadas das fraudes, as empresas serão autuadas, poderão ter o alvará de funcionamento cassados e o proprietário poderá ser preso. A Polícia Civil terá um mês para finalizar o inquérito. Os procedimentos de investigação também irão abranger a Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso.