Só o PT pode derrotar Lula, diz NY Times
Intitulado "In Surprise, Brazil's Da Silva is back on top", algo como "A surpreendente volta de Lula ao topo", o extenso artigo de mais de quinze parágrafos faz uma análise da corrida presidencial brasileira. Traça um perfil de Lula e de Geraldo Alckmin (PSDB), compara trajetórias e é embasado pelas opiniões dos analistas políticos Lúcia Hipólito e Rubens Figueiredo, além de citar a coluna de Arnaldo Jabor do jornal O Globo.
O texto explica o enfraquecimento que a compra do dossiê contra tucanos implicou à candidatura de Lula, alavancando Geraldo Alckmin ao segundo turno das eleições.
"Até o meio de setembro, parecia que Lula ia ganhar facilmente a eleição, já no primeiro turno. Mas aí a Polícia deteve alguns de seus companheiros de partido prestes a pagar R$ 1,75 milhões em dinheiro para um dossiê que aparentemente continha material para incriminar o partido de Alckmin num escândalo de corrupção. Lula, um ex-metalúrgico e líder sindical de 60 anos, negou envolvimento na armação, mas acabou sendo enfraquecido nas urnas no primeiro turno das eleições presidenciais. O petista obteve 48,6% dos votos, ao ponto que Alckmin - um médico de 53 anos e ex-governador de São Paulo, o Estado mais populoso num país de 185 milhões de pessoas - obteve 41,6 % dos votos. Quem tivesse a maioria absoluta nas urnas, venceria o pleito."
Rohter fala também das últimas notícias sobre a investigação no caso do dossiê, ressaltando o fato que evidencia que o dinheiro pode ter origens criminosas.
O correspondente aponta que a perda de votos do primeiro turno foi revertida por Lula à medida que o petista começou a dizer que Alckmin tinha um discurso repetitivo e sem propostas concretas e acusar o tucano de querer extinguir as políticas sociais e de ser privatista.
"Lula conseguiu aumentar sua vantagem para Alckmin ao acusar seu oponente de fazer uma campanha 'de uma nota só', centralizada em acusar Lula de corrupto e falha em apresentar 'propostas positivas para o Brasil'. Ele também acusa Alckmin de pretender privatizar as empresas estataus e eliminar programas sociais; acusações estas que Alckmin veementemente chamou de 'grande mentira'."
O jornalista americano fala em seu texto que nada adiantou a Alckmin, pois, segundo o cientista político Rubens Figueiredo, entrevistado por Rohter, enquanto Alckmin fala e se veste de maneira bonita, Lula está mais aproximado do povo, "colocando comida na mesa" (dos mais pobres).
O texto do New York Times ressalta ainda que, embora fosse considerado um candidato insípido ou até bonzinho - o correspondente explica o apelido 'picolé de chuchu' - Alckmin demonstrou agressividade no primeiro debate presidencial e que, embora o tucano tenha dado a impressão de vitorioso durante o programa televisionado, foi o derrotado nas pesquisas eleitorais realizadas após o debate.
"Após aquele debate, muitos analistas políticos e comentaristas concluíram que Alckmin foi melhor que seu oponente. Porém, a vantagem de Lula só cresceu desde então, e os eleitores reclamaram que Alckmin demonstrou uma postura muito agressiva".
Rohter fecha o texto com uma frase de Lúcia Hipólito: "Será muito, muito difícil para Alckmin vencer. Agora, somente o próprio PT pode derrotar Lula".
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