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Sábado - 21 de Outubro de 2006 às 12:35

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Se há alguém com autoridade para falar sobre viradas em decisões de Mundiais de F-1, é Nelson Piquet, 54. Na história da categoria houve só oito reviravoltas. E apenas um piloto virou dois campeonatos. Ele.

Que, do alto dessa experiência, estabeleceu ontem as chances de Michael Schumacher. Bem a seu estilo, diga-se.

"Matematicamente, ele tem chances. Do jeito que tem c... grande, tudo pode acontecer. Se eu estivesse no lugar dele, tentaria até o fim", falou, em português grosseiro e claro. Questionado depois por repórteres italianos, disse que o alemão precisará ter o "culo della madonna" amanhã.

"Hoje, nada quebra nesses carros. Tudo funciona bem, é bem testado, é planejado. Então, é muito difícil o [Fernando] Alonso ficar pra trás ou abandonar a prova."

Há sete anos a F-1 não vê uma virada na última etapa. Em 1999, Mika Hakkinen chegou ao Japão quatro pontos atrás de Eddie Irvine. O finlandês venceu o GP e, com o irlandês em terceiro, levou o título com dois pontos de folga. Antes disso, a vítima da virada foi justamente o piloto que tenta agora empreendê-la.

Schumacher liderava o Mundial de 1997 por um ponto quando a F-1 largou para a última etapa, em Jerez, na Espanha. Ao fim da prova, o campeão era Jacques Villeneuve. Em 1986, Alain Prost virou sobre Nigel Mansell em Adelaide -o inglês tinha seis pontos de vantagem e perdeu por dois.

E, antes disso, houve as viradas conseguidas por Piquet. A primeira delas, em 1981, em Las Vegas. Tinha um ponto a menos que Carlos Reutemann e foi campeão pela mesma diferença. E, usando um adjetivo mais leve que o escolhido pelo ex-piloto, foi "sortudo" naquele 17 de outubro: o rival não pontuou, e Piquet sagrou-se campeão com um quinto lugar.

Sua virada favorita, porém, é a segunda. Em 1983, Alain Prost liderava o campeonato por 57 a 55 sobre Piquet. A última etapa foi na África do Sul. Na definição do grid de largada, o brasileiro ficou em segundo, três posições à frente do francês. Na prova, se deu bem: terminou em segundo, enquanto o adversário abandonou com problemas no turbo do motor.

"Essa virada me deu mais satisfação porque foi um ano de muito trabalho com o motor BMW. Mas aquela de 86 me deu muita raiva", afirmou, referindo-se ao título conquistado por Prost.

Matematicamente, Piquet também tinha possibilidades de vencer aquele campeonato por virada, mas precisou fazer uma troca de pneus por precaução e terminou o campeonato em terceiro lugar. Antes disso, houve apenas três viradas, em 76, 64 e 50.

Ontem, em Interlagos, Piquet estreou no papel de pai de piloto de F-1. Enquanto Nelsinho circulava pelo autódromo com o uniforme da Renault, o tricampeão (ganhou também em 1987) aproveitava para conversar com velhos amigos da categoria e, claro, fazer lobby. "Minha expectativa é que ele seja campeão do mundo."

Após dizer que a F-1 atual é mais fácil que a da sua época, foi questionado sobre se preferiria correr hoje. E mais uma vez respondeu bem ao seu estilo. "Não... O meu tempo foi muito bom. Tinha gonorréia..."

"Piquetices" à parte, alguma receita para a virada? "O Schumacher tem que correr neste fim de semana com os nervos à flor da pele e torcer pro outro quebrar."





Fonte: Folha de S. Paulo

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