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Cultura
Quinta - 19 de Outubro de 2006 às 00:45
Por: Luiz Fernando Vieira

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Uma ópera como A Flauta Mágica (de Wolfgang Amadeus Mozart), que será apresentada entre os dias 27 e 29 de outubro, no Teatro Universitário, é algo ainda maior do que as dezenas de músicos e atores envolvidos possa demonstrar. Existe toda uma estrutura e profissionais que não aparecem, mas que têm um papel importantíssimo para a realização do espetáculo. Como os responsáveis pelos cenários e figurinos. Eles ajudam a criar o clima que fará com que o público embarque nessa verdadeira viagem pela ópera mais popular do compositor austríaco.

O trabalho deles começou para valer esta semana com a chegada dos roupas e dos cenários, emprestados pela Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Os primeiros estão sob a responsabilidade do figurinista Sérgio Domingos, que há dez anos trabalha naquela instituição e cuidará de deixar prontos os 120 figurinos que serão utilizados nas apresentações. Ele lembra que, como foram feitos para outras pessoas, existe a necessidade de se fazer alguns ajustes para os novos usuários.

As roupas, criadas por Osvaldo Arcas e Ricardo Raposo, dentro da concepção cênica do diretor de teatro Moacyr Góes, chamam a atenção pela beleza e riqueza de detalhes. Não são réplicas das usadas no século 18, época em que a ópera estreou, mas trajes arrojados, de concepção mais moderna. Característica que não fere a obra, garante Sérgio. Alguns figurinos como o dos solistas, são bastante elaborados e remetem a figuras encantadas, por vezes mitológicas, como pássaros e a Rainha da Noite. Esta, por sinal, é um primor com cristais que, com a luz incidente dão a impressão de serem estrelas e gotas de orvalho.

Os cenários são os mesmos usados pelo Municipal do Rio de Janeiro, com algumas pequenas adaptações, explica o cenotécnico Luiz Antônio Camarão. Há quase 30 anos trabalhando na Fundação, ele conhece como poucos a montagem de um cenário para ópera e isso acaba fazendo uma grande diferença. Ele está conseguindo encaixar no palco do Teatro Universitário a mesma parafernália cênica vista pelos cariocas. Para se ter uma idéia, o urdimento - espaço acima do palco para permitir o funcionamento de máquinas e dispositivos cênicos - do Teatro Municipal do Rio tem 26 metros de altura, enquanto o de Cuiabá tem 17 metros.

O palco também é menor nas laterais e na profundidade, o que Camarão contorna com medidas simples como o afastamento das "pernas" que sobem e descem durante o espetáculo e até a retirada de um par delas. Nada que vá descaracterizar a concepção cenográfica de Hélio Eichbauer, frisa. "Em relação ao visual, não vai se notar a diferença para o Rio. Tem detalhes que pra gente é importante, dá mais profundidade e tal, que o público não vê. As modificações que estão acontecendo são muito poucas. É bem próximo da produção no Rio", garante.

O diretor musical da montagem, o maestro e diretor artístico da Orquestra Sinfônica da UFMT Fabricio Carvalho, acompanha, entusiasmado, cada etapa do trabalho. Ele lembra que certamente não seria possível montar toda essa estrutura sem o conhecimento artístico de profissionais como Sérgio e Camarão, dois profundos conhecedores de ópera. E também da ajuda da Fundação, que cedeu cenários e figurinos sem custo nenhum. O meio de campo, lembra, foi feito por Eduardo Itaborahy, que é o produtor nacional da ópera em Cuiabá.

Fabrício lembra que a idéia era produzir tudo em Mato Grosso mesmo, mas não foi possível obter todos os apoios necessários, então o Teatro Municipal do Rio acabou sendo o grande "padrinho" dessa produção. "Isso que eles fizeram não tem preço", frisa. E a bagagem que todos estão trazendo para o estado também. O maestro considera muito proveitoso que os profissionais locais possam trabalhar com esses experientes e importantes nomes. Isso trará know how para que o estado possa, num futuro bem próximo, montar suas próprias óperas.

O entusiasmo também é mostrado pelos visitantes. Sérgio considera Fabrício uma pessoa audaciosa por trazer para Cuiabá uma ópera desse porte enquanto o país vive um momento complicado, de crise. Para ele, o maestro merece todo o crédito por mostrar que há algo mais do que escândalos acontecendo no país. A cultura, opina, é o que pode ajudar a reverter toda essa situação. "Um povo culto é um povo politizado", diz.

Camarão, por sua vez, já se colocou à disposição para prestar ajuda técnica em futuras oportunidades. "Eles precisam muito disso. Precisa treinar esse pessoal", salienta. O cenógrafo, coordenador técnico da central de Produção do Teatro Municipal do Rio e cenotécnico adora poder transmitir um pouco de sua experiência. "Eu estou contente por poder participar dessa primeira ópera. É uma iniciativa boa, acho que é preciso", opina o profissional que em janeiro completa 30 anos de trabalho no centenário teatro carioca.

A montagem da ópera A Flauta Mágica em Cuiabá terá a direção cênica do diretor teatral José Brasil. Entre os músicos estão o tenor Flávio Leite (Tamino), a soprano Elisabete Almeida (Rainha da Noite), o barítono Eduardo Sant"Anna (Papageno), o baixo Lukas d"Oro (Sarastro), e o contralto baixo Giancarlos de Souza (Orador). O elenco se completa com profissionais selecionados dos coros de Cuiabá, além do Coro e da Orquestra Sinfônica da UFMT.

A ópera conta com o apoio do Jornal A Gazeta, Ministério da Educação, Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Prefeitura Municipal de Cuiabá, Centro Federal de Ensino Tecnológico -Cefet/MT, Unimed, Cemat, Tauro Motors, Haus Bier, Alligator"s, Academia Lorenzo Fernandez, Studio Sergio Soares e Gráfica Gênus.

Serviço - Os ingressos, vendidos a R$ 50 (cinqüenta reais), podem ser adquiridos no próprio Teatro da UFMT, em horário comercial.




Fonte: A Gazeta

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